Cheguei hoje de manhã de viagem. Desci
de Monte Verde no fim da tarde de ontem. Os raios do sol entravam pelo vidro do
carro já extirpados pela escuridão da noite que os ameaçava. Contornei cada
curva da sinuosa estrada em velocidade morosa. O sabor do vento me tomava a
face e tinha cheiro das árvores que margeiam a estradinha cravada na serra da Mantiqueira.
A paz, nesses momentos, tem ares de eternidade. Talvez, em algum desses
momentos, alguma lágrima de agradecimento a Deus tenha caído sem que eu me apercebesse.
Se felicidade é outra coisa, dispenso-a. Esses momentos felizes são para mim
suficientes.
No caminho de volta, pensei em visitar um velho amigo.
Ele estava lá, sentado à soleira da varanda, como sempre, no início de cada
noite quente da recém-chegada primavera. Um velho sábio que resolveu viver
sozinho em meio à mata. Jantamos com um bom vinho e conversamos sobre os mistérios de pequenos
momentos de paz. Aprendi com ele sobre perdoar a nós mesmos, sobre a culpa que
ninguém carrega por mais que tenha errado. Aprender demanda erros. O acerto
nada mais é que a lição aprendida com o erro. Os perfeitos não seriam assim se
não fosse o indispensável erro.
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