quarta-feira, 28 de março de 2012

Bom dia ao dia nublado



Esta manhã que surge cinza e sombria, agonizando entre as nuvens espessas que tornam o céu preguiçosamente belo e aprazível aos meus olhos. Como amo essa beleza universal que teima em atingir inexoravelmente as córneas de meu espírito. Percebo que as nuvens correm para o oeste. São pesadas e carregadas de água. Elas denotam claramente que ainda o ano se principia e nesses dias as chuvas são abundantes e torrenciais.
Um poste colocado em frente a minha janela se constrasta ainda mais lindamente com a grossa camada de nuvens a espraiar-se no céu o qual me sugere poesia, reflexão e desejo de estar perto dessa natureza infindável e comungar-me junto a ela com a emoção mais terna e bela.
A beleza de um dia nublado me embriaga enormemente e me diz que o Universo é infinito em sua própria substância. Como posso resistir a isso tudo? Preciso sinceramente me deixar absorver por cada grânulo de nuvem a percorrer o céu e contrastar-se com o verde das árvores que bebem de sua água fartamente, como uma missão previamente combinada entre nuvem, chão e árvores.
Ergo-me da cama, dou bom dia a essa miscelânea de beleza, poesia, fé e imensidão. E sigo meus dias, plantado no chão como as árvores que sonham um dia pairar infinitamente, como as águas que alimentam sua seiva.


sábado, 24 de março de 2012

Alícia! Parte 3


Depois que nos vimos pela última vez, ficamos com a apreensão natural que abate quem está para perder alguém que tanto se quer. Telefonei-lhe no outro dia assim que deu o horário que, habitualmente, seu marido saía para trabalhar. O telefone tocou longamente. Depois de chamar por duas vezes ela atendeu por fim.

- Alô. – aquela voz rouca que tanto me encantara estava tomada pelo sono.
- Sou eu, Alicia. – respondi-lhe.
- Amor? Onde você está?
- Na porta da sua casa, dentro do carro.
- Por que você não entra um pouco?
- O convite é tentador.
- Estou descendo.

Alicia surgiu na porta de sua casa vestida com um peignoir preto que contrastava lindamente com sua pele alva. Ela veio até o carro, debruçou-se e deu-me um beijo quente nos lábios. Pedi que entrasse no carro.

- Não vou suportar você longe de mim.
- Não me deixe ir embora.
- Não deixar? Só se você deixá-lo. E fique comigo de uma vez por todas.

Depois desses pormenores que agora esmiúço nessas parcas linhas, refleti durante longas horas sobre a velocidade que caminhara nossa relação. De um encontro despropositado, ingênuo por assim dizer, tudo sucedera na velocidade do relâmpago e estávamos nós ali apaixonados, à beira de uma loucura para estarmos juntos definitivamente. O vento vem de repente e toma conta da atmosfera ambiente, quando nos damos conta o vento passou. Assim foi conosco. Voltemos às minhas memórias.
Alicia não queria ir embora com o marido. Estudava um meio para dizer-lhe que não podia deixar Minas, mas todas as vezes que começava a pensar no assunto a dificuldade da solução lhe impelia a alterar a rota dos pensamentos e abandonar o plano para ficar.

- Eu quero ir embora com você.
- E sua filha?
- Ela vai comigo.
- Isto está parecendo uma loucura sem tamanho.

Alicia esfregava as mãos uma contra a outra na tentativa de ter algo o que fazer com as mãos que não paravam, não encontravam um lugar tranqüilo para repousar. Eu a olhava nos olhos, a face pálida pelo vento frio que corria lá fora. Seus olhos me diziam que estava com medo, que nossa situação era algo sem precedentes para ela, que ela realmente me amava e confiava a mim sua vida e sua felicidade. Não só a dela, mas também a da filha que tinha 10 anos.
Não mais resistindo ao charme que Alicia derramava em mim, mesmo que inconscientemente, dei partida no motor do carro e arranquei. Paramos em frente a minha casa. Entramos. Na porta da sala, Alicia ainda de roupas de dormir, olhava-se no espelho do hall e por breves segundos dava-se conta da loucura de sair àquela hora de casa, com trajes impróprios para uma mulher casada estar na rua, entrar no carro do amante, em plena luz do dia. Tirei-lhe o peignoir, beijei-lhe fartamente os lábios gelados pelo frio. Alicia empurrava-me sem querer se desvencilhar do meu corpo. Ela tomou-me com as mãos tocando os flancos do rosto e disse abruptamente:

- Precisamos encontrar uma solução para nosso dilema.

O tesão me forçava a amá-la ali mesmo na sala de estar, e colei-lhe os lábios no pescoço e percorri-lhe toda a extensão incendiando Alicia. Deixamos a conversa nesse ponto e fomos para a cama. Como o náufrago que procura avidamente a terra firme, nós nos procurávamos imersos em prazer, loucos por amar.
À hora do almoço levei-lhe para casa já com roupas apropriadas, com o problema ainda por resolver, mas satisfeitos em nosso desejo infindável.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Um pensamento

         Nessa manhã, enquanto caminhava, antes do nascer do sol, percebi que a brisa da manhã vem mais fria que antes. Um prenúncio de que vem chegando o inverno.

terça-feira, 20 de março de 2012

Ser Apollo – glória ou desgraça?



Não há nenhuma vantagem em usar o nome de um deus grego. Não há nenhuma glória em possuir tantos atributos e funções, em ser o deus mais influente e venerado da antiguidade clássica, em ser tido como o sol ou a luz da verdade se eu não sou um deus. E nem pretendo ser, falta-me muito, muito mesmo para tal pretensão.
Malgrado eu não ver nenhuma semelhança minha com o Apolo filho de Zeus e Leto, o que percebo apenas é que nossas desgraças são as mesmas. Apesar dos muitos amores que passaram em sua vida, foi infeliz e saiu perdedor em todos eles. Temos o mesmo destino. Aliás, era Apolo quem era o responsável por desvendar os desígnios do destino. E o meu destino, embora eu desacredite em tal figura mitológica, nem o Oráculo de Delfos conseguiria predizer.
Minha intenção ao criar esse codinome no blog nunca foi me comparar ao Apolo grego. Ele foi um deus muito respeitado e temido por toda a Grécia. Minha pretensão foi apenas trazer à tona que nossas tragédias amorosas são as mesmas. Por isso o título: Glória ou desgraça?
Eu nunca seria um deus. Meus defeitos, embora já tenham sido muito maiores, ainda são infindáveis. Um deus mitológico, apesar de ter defeitos como os humanos mortais, são deuses e isso não se discute.
Mas sou um apaixonado pelo amor. Mesmo sabendo que Apolo foi infeliz com as ninfas Corone, Dafne, Cirene, a princesa Marpessa, a profetisa Cassandra, dentre outras, sei que ele perseguiu o sentimento maior. O amor, como tenho dito, é uma busca. Buscar demanda paciência e desenvolvimento da prática de procurar e esperar. Não esperar de braços cruzados, inerte. Esperar depois de haver revolvido as montanhas do infinito. Alguma coisa, alguém só reage depois de algum tempo que foi estimulado a isso. O amor é assim. É buscar sem ter a dúvida de que o objetivo está em algum lugar. Desacreditar que se pode encontrar o amor, é deixar de acreditar que é possível voltar a ter a flama explodindo na alma. Então... que a busca seja tão interessante quanto o encontro. Que o encontro seja infinito como nós. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Equinócio de outono


Daqui a poucos minutos gira a grande roda das estações. São quase 20 de março e é noite de equinócio. Noite de pedir harmonia no amor e proteção às pessoas que amamos. Existe uma religião muito antiga e bela que celebra um ritual muito especial hoje. Outro dia falaremos dessa religião. O propósito hoje é falar do que sugere a noite: pedir harmonia no amor.
Há algum tempo conheci uma menina muito doce e bela, cabelos negros até a altura da cintura, encaracolados. Pele alva como a neve. Olhos negros. Linda, bela, doce. Muito inteligente e falava de tudo quanto é assunto. Um encanto de menina. Tinha acabado de completar 25 anos. Ela era uma bruxa wicanna. Wicca é religião a que pertence as bruxas.
Numa certa noite de equinócio, saímos juntos e ela me levou para uma mata que ficava há alguns quilômetros da cidade. O ar ficando mais frio nessa época do ano, predizendo que o outono chega aos poucos, sobretudo se influenciado pelas árvores da mata que esfriam tudo em sua volta. Foi uma noite muito especial. Luana era uma mulher adorável e o que aconteceu nesse interessante ritual que ela preparou, organizou e realizou sozinha, deixando eu apenas como um mudo expectador, foi algo que contarei em uma outra oportunidade.
Voltemos ao tema principal desse post. Cuidar do amor. Pedir harmonia no amor requer um contato com a divindade mediante orações. Fazer uma oração é blindagem que construímos ao nosso redor para nos livrar do acesso pernicioso do mal em nossa vida. Pedir harmonia no amor é esperança de que nossa história ao lado de nossa alma gêmea seja preenchida de paixão, de desejo, daquele fogo ardente que queima o peito quando se está com ela. É desejo que essa mesma história seja repleta de calma também. O amor é impetuoso, é povoado de gritos de prazer, mas também é calmo, são ondas tranquilas em alto-mar. E que assim seja!
         Gostaria de encontrar novamente essa bruxinha maravilhosa que me ensinou tanta coisa linda, me ensinou facetas do amor que eu não conhecia e agradecer-lhe com todo o respeito e toda gratidão que ela merece. Obrigado Luana e que a grande mãe seja sempre contigo. Quanto ao equinócio? Ele é o prenúncio de nova estação. Vem chegando o frio, época do ano em que meu brilho espiritual se acende; época que minhas noites são menos frias por conta do calor do espírito.

domingo, 18 de março de 2012

Vendo-te dormir


Acordei dum sono pesado que me acalentava há pouco. Olhei para o lado e imersa na penumbra pude ver os contornos sutis do teu corpo, dormindo...
A vontade de te acordar e te oferecer o prazer do orgasmo veio forte, mas uma outra vontade abateu-se violentamente em mim. A vontade de ver-te dormindo. O silêncio da madrugada, ensurdecedor e melodioso ao mesmo tempo, o quarto escuro com a luz do luar entrando pelas frestas da janela, o barulho dos grilos lá fora. Tu dormindo aqui dentro. Linda!
Toquei de leve, com a ponta do dedo, na tua coxa. Percorri-te a perna bem devagar, sentindo o toque do dedo na pele. Nua! Tu nua na cama. Dormindo docemente logo depois de ter ido às alturas num grito de prazer infindável. Corpo de fêmea.
          Os cabelos caíam levemente sobre o travesseiro, sobre o lençol. Tuas nádegas extirpavam de mim olhares lânguidos e desejos ainda contidos. Olhei-te dormir e admirei teu corpo. Como é especial amar-te. Nossos momentos são sui generis com a presença de teu amor junto com o meu amor. Durma. Aqui ficarei a te proteger, a fazer carinho no corpo nu. A madrugada ainda vai longe. Amo-te.

Ordenando pensamentos


Pensamentos são partes vivas de nossas vidas. Quando buscamos na lembrança alguma passagem, por vezes localizamos o que procuramos porque naquele momento estávamos pensando em tal coisa. Comigo é sempre assim. Imerso em pensamentos, vivo meus dias. É-me quase impossível estar em algum lugar, em algum momento sem pensar. A importância em saber lidar com os pensamentos é uma coisa muito séria.
Somos como uma antena que irradia ondas eletromagnéticas em todas as direções. Os pensamentos são tais ondas. Pensamentos bons emanam ondas salutares, ondas que irradiam luz. Pensamentos ruins irradiam ondas malévolas. E tais ondas sempre voltam ao emissor.
Somos o que pensamos! Ao parafrasear essa frase de Buda pretendo  compartilhar a importância dos pensamentos em nossas vidas. Quando estamos acompanhados, existem duas antenas irradiando ondas juntas. Duas antenas são mais fortes que uma. Duas antenas emitindo amor, carinho, respeito, cumplicidade, atenção, irão em algum momento receber tais ondas de volta. É que o Universo propicia o reencontro dos pensamentos com seus donos.
Os sentimentos, carga levada pelos pensamentos, voltam à fonte e derrama nas duas almas que comungam sobre a cama a sublimidade e a importância de bons pensamentos.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Alícia! Parte 2


         Ela bebia nervosamente seu copo de whisky olhando pela varanda e estava maravilhosa usando apenas a calcinha. A noite já ia alta. Beirava as duas da manhã. Eu não tinha me dado conta do horário e muito menos ela. Em minha casa, Alicia se sentia completamente à vontade. Depois de tomar seu whisky, ela veio para a cama, deitou-se e adormeceu rapidamente. Diminuí o volume da televisão para não acordá-la. De manhã, fizemos amor novamente, nos vestimos, tomamos café na padaria da esquina e levei-a para casa. Seu marido já havia saído para o trabalho.
Nossas horas em minha cama eram testemunhas do quanto nos amamos perdida e desmesuradamente. Já havia mais de dois meses que havíamos nos conhecido naquele restaurante, naquela noite do cinema, dos beijos apaixonados. Desde então nós já havíamos ido por várias vezes num hotel de propriedade de um senhor de cabelos ralos e brancos, o qual usava o lugar como antro de encontros amorosos porque seus hóspedes escasseavam dia após dia. Como o hotel tinha pouco conforto e era um lugar muito frio para o calor do amor que nos unia, começamos a nos encontrar em minha casa.
Alicia sempre aparecia fugida do marido que se trancava no escritório de casa, ou nos restaurantes para infindáveis jantares de negócios com clientes de considerável estirpe. Nessa noite ela chegou em casa num taxi, saltou e logo tocou a campainha. Abri a porta e ela entrou chorando e me abraçando vigorosamente. Fiquei abraçado a ela, por alguns minutos, lhe dizendo palavras que se diz a alguém que precisa ser consolada nesses momentos. Quando os soluços cederam, ela começou a falar com a voz entrecortada pelas lágrimas que ainda caíam. Disse-me que seu marido havia sido promovido na empresa que trabalhava e que ela iria embora de Minas Gerais. Seu novo endereço seria uma cidade do Rio Grande do Sul. Atônito com a notícia abracei-a sem conseguir conciliar o pensamento. Perguntei por fim, depois de alguns minutos em silêncio. E para quando é isso? Para daqui a dois meses, disse ela.
Peguei-a pela mão, fui com ela para a cozinha, abri a geladeira, dei-lhe um copo de água gelada. Ela sorriu um sorriso sem graça, tentando fingir uma melhora em seu estado e disse: quer esfriar minha cabeça com essa água? Olhei-a com os olhos esgazeados e respondi: só quero congelar seus pensamentos. Então subimos para meu quarto e sentamos na cama olhando-nos em silêncio. Ela ofereceu-me a boca que beijei muito carinhosamente. Como que por instinto, comecei a acariciar-lhe, com as pontas dos dedos, o rosto, o pescoço, os lábios, as orelhas. Ela fechou os olhinhos e se entregou ao prazer que ia sentindo com meus beijos e minhas carícias. Jogou a cabeça pra trás e me ofereceu o pescoço e os seios quase nus por trás do decote. Fui beijando-a e dizendo o quanto a amava. Alicia pegou em meu rosto e apertou-me junto ao seu peito. Fomos nos desfazendo de nossas roupas sem nos darmos conta, e dentro em pouco estávamos nus sobre a cama. Tomei-a nos braços por cima dela e encaixei o pênis em sua vagina. Nem precisei fazer força ou encaminhar com a mão, pois ela estava muito excitada. Enfiei num só golpe. Ela gemeu alto. Olhou-me com os olhos quase fechados e mordendo os lábios. Depois de algumas estocadas vigorosas, ela começou a dar sinais de que ia ter um orgasmo. Por fim, iniciou seus espasmos enquanto ela me abraçava forte e chorava. Achava lindo ver Alicia chorando enquanto gozava. Gozou ainda mais duas vezes até que eu também atingi o clímax. Depois de passar o efeito estonteante de seu orgasmo ela se lembrou do problema que a dominava e encheu um copo com whisky e não acrescentou gelo.
Ela bebia nervosamente seu copo de whisky olhando pela varanda e estava maravilhosa usando apenas a calcinha.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Uma breve pausa

Já lhes ocorreu estar apaixonado por uma mulher e, em sua presença, desatar-lhe os mais desmesurados elogios como forma de alcançar-lhe o aguçamento da atenção em seu favor? Infelizmente na maioria das vezes isso acaba em um menosprezo velado, mas muito evidente para quem o sente. Apenas para esse alguém. Isso depende majoritariamente da forma pela qual se desata tais elogios. A abordagem numa conquista, seus métodos, suas estratégias são fatores determinantes que ensejarão o sucesso ou o fracasso.
 Por conta de tantos “foras”, criei um método, naquela obscura época de 1995, para evitar os contratempos e evidenciar-me entre os mais galantes da turma de amigos como um garanhão ímpar.  Esse método consiste em não dar asas ao desejo de me colocar de quatro aos pés da mulher que desejei. Primeiramente é necessário que lhe conheça as preferências, os desejos, os gostos em comum, as formas pelas quais lhe farão aproximar-se da mulher que se tem nos pensamentos por horas e horas e horas. Claro que tudo isso deve ocorrer secretamente.

Próximo passo; é preciso que ela saiba que você existe. Faça com que isso ocorra. Antes do primeiro oi, é forçoso que ela saiba também que você é pessoa que lhe desperte desejo. É isso mesmo. Os animais já usam desse método há milênios. Despertam na fêmea o interesse mediante seus atributos visíveis. Como somos mais complexos, mais inteligentes, mais sutis, nossas ferramentas também o devem ser.

É claro que o excesso de virtude deturpa a intenção. É certo que nossas falhas humanas são filhas do orgulho. O orgulho, amargo fel que nos é companheiro desde os tempos de berço, diz-nos que quando somos muito elogiados devemos seguir a lei de oferta e procura e nos tornarmos mais caros por estarmos sendo mais disputados e evitar sermos pérolas jogadas aos porcos.

É possível que se construa uma barreira entre o mundo e você porque seus anseios rotineiramente visitam o limbo. A alternativa aparente é ignorar e dar crédito ao pensamento que diz que toda sombra é vítima da busca de seu dono. Acreditem-me!! Ignorar nessa excepcional situação faz bem. Explico adiante.

domingo, 11 de março de 2012

Imersos no noturno

           As mãos acariciavam-lhe os seios desnudos vagarosamente. Ela arfava o corpo gemendo baixinho. Na cama do motel barato, cuja entrada mais parecia uma chegada de sítio mal cuidado, eles se acariciavam demoradamente, se encontrando num misto de prazer e cumplicidade. Ela o olhava no fundo dos olhos e ele retribuía; com a boca entreaberta, num lento movimento de abre e fecha, ele esfregava seu pênis, ainda dentro da cueca, na vagina dela, ainda dentro da calcinha. As preliminares ainda começavam, mas seus gemidos já eram evidentes dentro daquelas paredes. Ele estava sobre ela com todo o peso do seu corpo lavrado em corridas quase que diárias e lentamente foi retirando sua calcinha a qual foi atirada num canto da cama que pairava no meio do quarto. Ela ofereceu-lhe o sexo, em chamas, e ele, avidamente, afundou sua língua naquela vagina que latejava de desejo. Começaram então uma sucessão de movimentos que foram se tornando mais pronunciados e ela quase que gozou em sua boca.
Ela denotando um desejo violento saiu daquela posição, colocou-o deitado na cama e engoliu seu pênis até a raiz, num só movimento. Seu corpo tremia a olhos vistos. Depois desse início tempestuoso, ela continuou a felação segurando o membro do seu amante pela raiz, desta vez sugando com um carinho imenso. Ele se contorcia na cama e começava a suar. Ela o olhava enquanto o chupava, com os olhos bem abertos, com as narinas seguindo o ritmo de sua respiração ofegante.
Ele sentia o corpo tremer por vê-la assim, nessa situação. Ela, não se aguentando, levantou-se de súbito e sentou-se sobre ele. Seus sexos tocaram-se já em brasa. Segurou-a pela cintura e o pênis furou-lhe a carne com muita facilidade posto que estavam em plena fluidez de desejos. Literalmente! Eles se amaram até que explodiram num gozo infindável. Juntos.
Depois que suas respirações reaproximaram-se do normal,  ainda abraçados, ficaram se tocando, se acariciando, se beijando vagarosamente. Era indefinível o sutil ambiente que os envolvia. Parecia que uma nuvem vaporosa os colocava em estado de contemplação absoluta um pelo outro. E assim sucedeu aquela noite. Muita troca, muito cuidado e carinho.



terça-feira, 6 de março de 2012

Conceito de afinidade

Quando uma conversa inteligente surge entre um homem e uma mulher alguma coisa transmuta a atmosfera que os envolve. As palavras fluem fáceis. As afinidades vêm como que por encanto. A causa revela um efeito esperado, mas mesmo assim gera surpresa quando chega.

A afinidade é taça de água fresca que espera pelo viajante sedento. Ele a almeja, ele deseja acabar com sua sede e o meio pelo qual o fará será sorver fartos goles do líquido precioso, de uma só vez. 

A afinidade é matar a sede, é criar entre um homem e uma mulher algo mais que a simples possibilidade. É fazer a certeza da sede satisfeita surgir como filha da possibilidade de que o futuro reserva novas experiências idênticas ou parecidas e que o conhecimento de melhor aproveitar as chances fazem saber que a certeza é o algo acabado.

Eis a afinidade, produto das possibilidades elevado à potência das certezas.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O ato de.... usar a língua!

Claro que pretendo confessar meus desejos, o que mais me encanta quando estou com uma mulher. Usar a língua no sexo feminino é uma coisa que me.... deixa em êxtase. Dar prazer é receber prazer. Sentir a vagina quente, úmida, queimando em desejo tão perto, com a boca, com os lábios fazendo-lhe disparar o tesão da fêmea em êxtase é uma sensação sem igual. Senti-la derretendo em espasmos me proporciona um desejo descomunal. Gostar de sexo oral é gostar de sentir prazer de uma forma mais sutil.
Dessa forma vou me apresentando e tento deixar óbvio o que me parece tão obscuro. Prefiro descortinar esses caminhos aos poucos, adicionando o tempero aos punhados, lentamente. Assim como aprender a amar é uma arte para poucos corajosos que estejam dispostos a aprendê-la a custa de sofrimento e alegrias, ter prazer, oferecer prazer no sexo de nossa cúmplice é arte que se aprende fazendo, ao se fartar, ao gozar, ao repetir o processo indefinidamente até a perfeição.
Por hoje é só. Que essa noite seja iluminada como essa lua que paira absoluta no céu negro e quente desse fim de verão.

domingo, 4 de março de 2012

Alícia! Parte 1

Estava a olhar no relógio de dois em dois minutos. Na mesa fria do restaurante eu esperava por ela nervosamente. Era nosso primeiro encontro. Nunca a vira antes. Nossas conversas, sempre numa sala de bate papo virtual avançaram a tal ponto que não contivemos as precauções naturais de dois desconhecidos e marcamos um encontro. Ela, casada, estava insatisfeita no lar. O marido só via o trabalho diante de si e não a olhava como a fêmea crepitante que era. Alícia me confessara que não se sentia desejada; que seu corpo reclamava carinho e respeito; que sexo com um desconhecido era algo que nunca supusera em seus pensamentos mais sórdidos. Era a primeira vez que se aventurava no mundo do desconhecido, pois seus pés sempre foram muito fincados no chão sólido e inabalável.
Finalmente Alícia entrava no restaurante. Esplêndida. Vestia uma calça jeans colada ao corpo e tinha por cima do busto, uma blusinha negra, feita com um tecido bem fino. Estava calor e sua roupa combinava com o ambiente. Alícia é linda. Uma morena com seus 35 anos, um quadril lindamente desenhado, um colo notadamente pronunciado, seus cabelos caíam suaves por sobre as costas, enormes! Lindos! Encaracolados. Negros como a noite. Seus olhos... Ah seus olhos!! De uma beleza incomparável. Ela olhou-me, disse boa noite e sentou-se. Imediatamente levantei, tomei-lhe pelas mãos e beijei suavemente seu rosto. Ela tremia, mas esboçou um sorriso que me delatava uma surpresa por tal ato de carinho e respeito. Conversamos por mais de meia hora despreocupadamente porque o lugar era calmo e discreto. Nunca ela seria surpreendida ali. Depois de jantarmos, fomos a um cinema que havia no shopping da cidade. Entramos separados depois de comprar pipoca e lá dentro nos reencontramos e assistimos ao filme como dois namorados. Beijamo-nos pela primeira vez. Toquei-lhe os lábios segurando-lhe com a ponta dos dedos o seu queixo. Ela retribuiu o carinho e nosso primeiro beijo foi selado com uma promessa tácita de que haveria muitos mais. Desse primeiro beijo, sucederam-se vários outros. O filme já não era mais nossa razão principal de estarmos ali, aliás nunca o fora. Alguns espectadores, casais em sua maioria, inspiraram-se em nossos carinhos e fizeram dos nossos, os beijos deles. Os famosos créditos do fim do filme começaram a galgar a enorme tela, molemente, e então nos levantamos, compramos mais pipoca e fomos embora. Deixei-a em seu carro, duas esquinas perto de sua casa. Prometi-lhe que a amaria de todo meu coração. Ela como que querendo sair logo do carro, sorriu duvidosa do que eu havia lhe dito e sumiu na escuridão da rua. Assim foi nosso primeiro encontro. Muito carinho, muito respeito e uma magia diferente no ar.
Talvez as pessoas julguem que uma mulher casada, uma mãe de família não seja honesta tendo um encontro com outro homem. Mas eu a defendo e digo que sua honestidade não é medida pela sua fidelidade ao marido. Sua honestidade é fruto do respeito que ela nutre por si mesma. O respeito e carinho do marido perderam-se nos anos de vida conjugal e fizeram-se ausentes no peito feminino. Nossos próximos encontros serão narrados aqui com a maior fidelidade que minha pobre escrita me permitir fazer. Ainda lembro dela com o amor divinal que ela merece.

Preâmbulo


         Uma mulher, um sorriso, um olhar, um segredo. Um passo na calçada, um momento, outro olhar. Entre as paredes. Ele quer que assim seja sua vida: permeada de amor. Ele busca nas lembranças momentos em que foi feliz. Sabe que pode ser de novo. Por enquanto ele precisa esquecer um amor que se foi e nunca mais vai voltar. Esquecer um amor? Que absurdo! Ele logo se lembra que amores não se esquecem.

Para onde ir hoje? Para o trabalho? Para o bar? Para a internet conhecer alguém interessante que converse coisas que ele sabe que são especiais? Estar fisicamente com alguém que lhe olhe daquele mesmo jeito de outrora? Ele sai de casa, vai caminhar logo cedo. Corre vendo a natureza ao seu redor. Mas até quando os dias serão assim calmos e tranquilos? Um dia as ondas irão bater com força no rochedo e quem sabe uma avalanche de pedras pode cair sobre o mar. É que a ficção é a vida e a vida é uma lembrança. A vida é a impressão de lembranças nos vazios do pensamento.
Pare, se acalme e pense um pouco. Esteja com alguém que lhe faça carinho, que lhe afague o rosto. Tome uma taça de vinho e caminhe no frio da noite contra o vento. O vinho irá corar seu rosto e o vento baterá mais gostoso. Nunca pare. Força sempre!