O forte e o fraco. O amor e o ódio. O bem e o mal. O tênue e o agressivo. No meio de todos eles, o equilíbrio, razão precípua de se sofrer em busca de um ideal que nos imerge em felicidade!!
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Insights - Parte 5
A essência da vida é buscar em nós mesmos o equilíbrio que se distancia de nós à medida que a ignorância se avoluma. O passado só serve para nos lembrar como não se pode fazer.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Insights - Parte 4
Às vezes me pergunto como os caminhos se tocam, se distanciam ao infinito, se perdem... Mas a arte do reencontro pode permitir que as estradas voltem a se beijar como duas almas que nunca deixaram de se sentir mesmo tendo todo o Universo como distância infinita entre elas.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Insights - Parte 3
Desconfie de quem te feriu, porque é bem provável que te fira novamente. Quanto aos que nunca te magoaram, confie, mas preserve seu coração em lugar seguro.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Filosofando
De que forma um dia influencia uma
vida? De que modo um segundo se perpetua ao infinito? Se o tempo é abstração
humana, o que seria o passado e futuro? Se depois de um milésimo de segundo o
agora é passado, existe realmente presente? Se o que vemos com os olhos físicos
não é a verdade absoluta, o que é então?
Seria eu capaz de continuar a
perguntar indefinidamente essas questões de difícil compreensão imediata, mas
são questões que tem respostas. Basta refleti-las. Claro que nem todos ainda
somos capazes disso. É preciso olhar para dentro de si e procurar saber quais
são seus limites de compreender o que lhe parece indecifrável. O apoio interno
de cada um de nós deve jazer sobre fundamentos eternos, sobre princípios
transcendentais. Existem leis eternas que governam o Universo e elas nos dizem
que temos que nos adequar a elas para que a vida flua dentro de uma
normalidade. O tempo não existe porque somos eternos e estamos condenados a ser
felizes. Só cabe a cada um encurtar os dias de tribulações com seus próprios
esforços.
Existem pessoas que seguem essas leis eternas e conseguem
conhecer melhor a si próprias. Esse é o segredo. Só assim se sabe o quanto pode
suportar de dor, se a aparente dor é mesmo uma dor ou uma sensação de alívio.
Fica-se mais próximo da essência.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
O outro lado do reverso
A alegria
sangrou no dia em que a tristeza floriu. Uma era a amante da outra. Depois da
divisão primordial entre elas, outros sentimentos entraram no rol do paradoxo
confuso e imaterial. Todos os corações passaram a acreditar que a maldade era
força intrínseca à Substância Maior.
Quem nunca se
sentiu feliz em mentir? A mentira era o dia e a falsidade era a noite. Nunca elas se contrapuseram, apesar de serem
tão iguais e congruentes. Se a mentira pedia o sangue, a falsidade lhe beijava
o rosto porque não poderia lhe morder o coração. Depois de muitos séculos o
próprio homem descobriu que uma não era a outra. E entendeu que a mentira é
melhor que a falsidade. Os inimigos declarados são mais sinceros.
Quem nunca se
sentiu feliz em trair? A traição era o norte, e a cupidez era o sul. Nunca
puderam entender que elas eram filhas do mesmo ninho. A traição se satisfazia
com as lágrimas, mas a cupidez que era conhecida por ambição queria sempre
mais. Depois de muitos séculos o próprio homem descobriu que uma não era a
outra. E entendeu que a traição é melhor que a ambição. Porque uma ação se
detém na sua consumação, mas a ambição permite que a consumação do ato seja
apenas o prenúncio de outro ato.
Quem nunca se
sentiu feliz em ser ingrato? A ingratidão era o tênue e a escassez era o
denso. Nunca se tornaram miscíveis no
recipiente do coração humano. A ingratidão sorria ao sangue do ultraje depois
do bem praticado, mas a escassez queria que as ingratidões causassem o maior
dano possível em poucas ações. Depois de muitos séculos o próprio homem
descobriu que uma não era a outra. E entendeu que a ingratidão é melhor que a
escassez, porque se tudo lhe falta, nada lhe contém, e a escassez pode agir sem
obstáculos à sua imensa potência, e concorrer para a falta de tudo, mesmo do que
parece insano.
Quem nunca s
sentiu feliz em ser trágico? A tragédia era o início e a severidade era o fim.
Nunca se complementaram apesar de se aproximarem incessantemente. A tragédia
comprazia-se no sofrimento de quem suporta a desgraça que arde e faz sofrer,
mas a severidade sempre julgava que a tragédia era a comédia, e que os pontos
de vista eram particulares e sempre se podia sorrir do sangue derramado. Depois
de muitos séculos o próprio homem descobriu que uma não era a outra. E entendeu
que a tragédia era melhor que a severidade, porque se o fato trágico causa dor
e medo de sua repetição (e esta não é certa que se se repita), e a severidade é
conhecida pela sua renovação e recrudescimento.
Sempre se julga mais pesadamente o que mais se convive, mas menos se
conhece na mesma medida que o tempo escorre.
E antes que os
choques constantes pudessem aumentar sua proporção ao infinito, antes que esses
sentimentos pudessem arruinar a vida na terra, o amor, com toda a superioridade
que sua autoridade lhe empresta, fechou a caixa de Pandora e não permitiu que a
lama se confundisse ao sândalo, que o deletério se travestisse de perfume
nobre, que o lodo se disfarçasse de chocolate. O amor tem o poder de frear o ímpeto
do mal. E o amor começou a mostrar para o homem que a mentira não pode ser
melhor que a falsidade, que a traição não pode ser melhor que a cupidez, que a
ingratidão não pode ser melhor que a escassez, que a tragédia não pode ser
melhor que a severidade.
O amor foi o único que teve a permissão de se
misturar para se tornar invencível. E assim, se misturou ao bem. E desde esse
dia, apesar dos sentimentos ruins flutuarem pelo mundo, o amor cura as chagas
abertas pela mentira, pela falsidade, pela traição, pela cupidez, pela
ingratidão, pela escassez, pela tragédia e pela severidade. E o bem combate as
filhas pérfidas que resultaram da satânica gestação entre todos eles até o fim
dos dias, quando haverá só o bem, o amor, a felicidade e a eternidade.
Insights - Parte 2
Minha alma está muito acima de mim e é necessária minha
completa transmutação para que eu a alcance e me torne mim mesmo novamente.
domingo, 21 de outubro de 2012
Em metáforas
Estivemos no
inferno juntos e escapamos de lá. Sempre nos disseram que era impossível sorrir
lá dentro e descobrimos que é possível. Fugimos antes de o dia amanhecer por
aquela estrada serpenteada de pedras e espinhos. Corremos até onde as flores
começaram a surgir ao longe, nas várzeas tomadas de brumas espessas que se iam
declinando fragorosamente diante de nossos passos resolutos. Em dado momento
percebemos os primeiros alvores da manhã que tinha pressa em chegar para que
exorcizássemos de uma vez os nossos demônios. As brumas tomaram conta do
ambiente com toda plenitude que lhes era possível, mesmo estando o dia se
declarando a nós aos poucos. Então percebemos que a luz não se faz visível logo
no início, que é preciso saber enxergar através do opaco. Com o decorrer da
caminhada, já cansados, mas mais fortes por estarmos naquele ponto da
conquista, paramos naquele bangalô que havia sobre a colina e descansamos
nossos espíritos. Vimos finalmente um no outro que dois anos se passam em dois
dias. Vimos que o tempo é loucura.
Depois de nos
amarmos fartamente, e nos embriagar do doce desejo de nos tocar não só com os
sentidos físicos, mas também com os da alma, depois de percebermos um no outro
circunstâncias especiais que só os ávidos percebem, você desapareceu quando
saímos à porta da casa para continuarmos a caminhada sentido ao leste. Então,
vi que no alto de uma montanha estava ela, aquela mulher que me arrebatou
novamente do caminho, mas me mostrou um outro que se parecia um atalho. Descobri
depois de 10 semanas que havia chegado bem mais perto do mundo em que vivemos.
Como o objetivo dela havia se cumprido, ela me acenou docemente, me disse do
nosso amor, me deixou nossa semente tenra e bela, e uma torrente de vento abateu-se
sobre nós. Foi-se.
Então vi seus
cabelos louros e esvoaçantes tocando-me o rosto enquanto você tinha os olhos marejados
de lágrimas naquele dia que me encontrou pelo mundo e eu estava extasiado pelos
dias que se repetiam incessantes. Eu havia perdido a direção de novo. E sem eu saber,
você chegou, me disse coisas que eu havia esquecido, me tocou com seu espírito
e ficou uns dias.
Então percebi
que toda poeira é leve justamente por poder seguir a direção da ventania, por
poder ir tocar outra face em outro lugar e ensinar-lhe a se proteger dos ciscos
impiedosos. A ventania é benéfica e sempre me toca o rosto, mas hoje eu sei que
devo olhar na outra direção e apenas sentir seu contato fresco na pele.
Sei que o
inferno ficou lá atrás, de onde fugimos. Sei que nossa luz se ampliará até nos
tomar de alegria. Ela está ainda ali adiante, mas já vemos seu imenso clarão
que nos toma de alegria indefinida. Ela está chegando e serão dois sóis a nos clarear.
Sempre
soubemos que o amor tem mil faces. Já filosofamos fartamente sobre isso. São
mil tons de cinza que se misturam, se fundem, se redescobrem, se redefinem, se
perdem em si, porque a luz que os ilumina permite que nunca deva haver
dissolução imediata. Quem clareia o espírito com notas sutis de amor, de
alegria, de felicidade, vê um pouco mais. Vamos descobrir o que o caminho ainda
nos oculta.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Circunstâncias do amor
Numa manhã
ensolarada de sábado, com o típico calor do fim de dezembro, Ricardo e Lenira
decidiram ir à praia. Eles haviam passado a noite juntos e adormeceram,
exaustos, na posição que se chama popularmente de conchinha. Ele acordou
primeiro, preparou uma bandeja com uma refeição leve e acordou sua amada com
beijos e carícias no rosto. Ela abriu os amendoados olhos ainda dominados pelo
sono pesado que havia tomado posse dela durante parte da noite, pois eles
haviam repetido inúmeras vezes o ato de se amarem sem medida e sem limites.
Olhou seu homem com ternura infinita e respondeu ao bom dia dele com a voz
entrecortada por um bocejo. Sentiu-se muito desejada e amada naquele momento
tão romântico que ela havia previsto e planejado em pensamentos inúmeras vezes.
Afinal, fazia seis meses que eles programavam aquele encontro que finalmente
havia acontecido. Ele havia vindo de Minas Gerais para encontrá-la no aeroporto
de João Pessoa depois de se conhecerem numa noite fria de julho. Lenira, com
seus 18 anos, há muito estava apaixonada pelo homem que lhe acalmava a alma,
que lhe permitia manifestar o amor de forma muito contundente e particular.
Ricardo via nela toda a alegria de estar com alguém. Fazer amor com ela era o
ápice da demonstração de seu sentimento. Durante aquele momento, eles fizeram a
primeira refeição do dia, entre risos, e ouvindo uma música calma que parecia
comungar com eles aquele momento de tanta paz. Eles sabiam que somente a
tranqüilidade é momento para se abrir os canais do espírito e deixar fluir o
amor.
Já vestidos,
saíram à rua, em direção à praia, abraçados, apaixonados, tendo a certeza de
que os dias que passariam juntos seriam memoráveis e pertenceriam a eles para
sempre. Lenira estava mais bonita, seus louros cabelos esvoaçavam ao vento
enquanto seu homem notava em seu olhar um lindo brilho que sabia ser uma divina
conseqüência de uma doce causa.
Já na praia,
Lenira viu suas amigas que imediatamente foram ter com ela, e conhecer seu
consorte do qual tantas vezes ela falou. Depois das devidas apresentações, elas
se retiraram para um canto da praia e comentavam a certa distância sobre o
rapaz que estava sentado na areia e deixava o vento atingir-lhe a face, e
sentia a paz que aquele momento lhe transferia. Sua vida estava mudando
definitivamente, e todos os últimos dias eram testemunhas de que ele estava
irremediavelmente apaixonado por aquela menina de 18 anos. A alegria que
brotava nela era o atrativo que lhe prendia ao jovem coração da garota, e lhe
fazia perceber que o amor tem mil faces, que o amor precisa ser vivido toda uma
vida para ser compreendido em apenas algumas nuances. Lenira deixou suas amigas
e se atirou nos braços de Ricardo que a acalentou e fez um carinho na testa,
beijou-lhe os lábios e disse que a amava.
O dia transcorreu numa velocidade alucinante, estando
os dois, ao fim do dia, novamente estirados sobre a confortável cama do hotel
onde estavam hospedados. Fizeram amor e experimentaram a energia inebriante que
o ato proporciona. Sabiam que o ato do sexo era apenas uma exígua manifestação
de uma das mais lindas facetas do amor. À hora do jantar, se aprontaram e foram
à casa de Lenira onde ele conheceria os pais dela, que naturalmente, queriam a
filha feliz e sabiam que sua felicidade significava estar ao lado daquele homem
vindo de tão longe, mas que sempre esteve tão perto do coração dela. Eles
perceberam que o comportamento da menina estava mais doce, que ela estava ainda
mais carinhosa com eles, e que o amor é a única coisa que valia a pena por toda
carga de sentimentos e sensações existentes no mundo.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Insight...
Às vezes tenho
disso... Insights. Segundo o dicionário, insights são compreensões, percepções
ou revelações repentinas. Longe de ousar tanto, não controlei a vontade
inominável de traduzir em letras o seguinte pensamento que me veio de repente:
“Existe
o desejo insano, ardente e irremediável que percorre inexoravelmente meu corpo
e me faz desejar aquela mulher. Que me faz esquecer de tudo no mundo no momento em
que comungamos o amor, o prazer de estar a dois, sentindo a vibração mais
intensa do Universo".
Assim seja.
Apollo
Assim seja.
Apollo
domingo, 14 de outubro de 2012
Janaina
Era uma vez
uma menina. Uma menina louca que era dona de si, era dona de sua vida, embora
muitas outras pessoas quisessem também ser donas da vida dela. Mas ela não
permitia, aliás, nunca permitiu. O nome dela? Janaina! Uma mulher adorável,
inteligente, muito inteligente, mas de uma inteligência intuitiva, nada lógica,
feita de iluminações, de insights. Tem uma imensa habilidade de viver e ama as
pessoas e as coisas. Surpreende sempre com um rasgo de heroísmo, abre mão de
coisas que ama, para que outras que estão numa situação mais complicada possam
ser felizes. Apenas esse fato já é para se avaliar a capacidade da alma de
Janaina. Tanto é capaz de se fazer amada como de amar. Só precisa compreender
que os homens não são todos iguais, e que pessoas boas precisam ser garimpadas
na lama dos acontecimentos.
Ela tem tudo
para ter uma compreensão da vida surpreendente, basta que siga as escolhas que
seu coração mandar e não as escolhas que impressionam os amigos. Como ainda tem
só 19 anos, quase 20, ela tem ainda muito tempo para aprender. Aprendeu uma
lição importantíssima outro dia. Aprendeu a perder para poder ganhar. Permito-me
falar de Janaina, porque eu a conheço, talvez, melhor que a própria família
dela. A Janaina que conheci estava desarmada e não precisava se defender para se
fazer entendida na situação. Eu a conheci como ela realmente é. Sem máscaras.
Não que ela seja falsa ou coisa do tipo. É que nesse mundo louco de hoje as
máscaras nos servem como formas de sobrevivência, nos servem para sofrermos
menos. O que digo dela nessas pobres linhas são o resultado de alguns felizes meses
de observações. É que os olhos do coração enxergam as coisas como elas
verdadeiramente são.
Janaina se
defende do mundo, se defende dos homens, se defende da pessoa que a colocou no
mundo. Quem tanto se defende cria uma couraça em torno de si, e isso é um
processo natural, uma consequência óbvia e ela aprendeu a fazê-lo bem, mas faz
sofrer quem apenas sinaliza que gostaria de vê-la sofrendo. Isso ela também sabe
fazer. Mas acho que ela aprendeu a perdoar e pedir perdão. Essa menina está
aprendendo muito rápido.
Vai vencer na
vida e ser muito feliz. A felicidade que desejo para ela é a felicidade que
desejo para mim. Ser feliz não é ser rico, ter infinitas posses e ter o mundo
aos pés. Ser feliz é ter a capacidade de enfrentar os problemas que irremediavelmente
virão nos visitar. É ainda estar com a consciência moral satisfeita e com os
deveres cumpridos.
Ela sempre surpreende.
Com atitudes boas e algumas ruins, não importa. A última vez que ela surpreendeu foi quando disse que abriria mão de
uma pessoa que amava muito para que esta pessoa pudesse viver com uma mulher que, sem
que soubesse, havia assumido um compromisso eterno com ele. Não é fácil
tomar decisões assim. Isso amadurece muito. Tenho certeza que ela compreendeu o
tamanho do seu feito e sei que não vai adotar atitudes impensadas para remediar
seu coração que sofria amargamente naquela época.
Não vou falar
de sentimentos por ela. Ela os conhece bem e isso basta. Quisera
apenas que ela lesse essas linhas, que são uma espécie de agradecimento por ela
ter me ensinado tanta coisa boa. Aprendi demais com essa mulher. Obrigado, Janaina.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Por enquanto...
Mudaram as estações e nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Tá tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre?
Sem saber, que o pra sempre, sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Sem saber, que o pra sempre, sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa
(Legião Urbana)
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz...
Estamos indo de volta pra casa
(Legião Urbana)
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Antítese
Existe o bem e existe o mal.
Existe o sol e existe a lua. Existe o sorriso e existe o choro... compulsivo...
desesperado...
Ela se foi sorrindo, com um choro
disfarçado no canto do rosto. Está agora naquele lugar onde os cigarros são
acesos com frequência e as garrafas esvaziadas com prazer. Nunca existiram
culpados. Nem sempre eles são necessários para que os corações sangrem.
Uma nova vida bate no ventre. Um
novo dia surge. Mas a tarde pretérita foi de um colorido vermelho-amarelado. Acompanhei o último pôr-do-sol e ele estava ainda mais surpreendente e nunca imaginei que pudesse ser desse jeito. O desespero é vizinho da sobriedade. O tênue limite cabe ao sensato e ao
precavido. Brindar com o demônio estando com o corpo tomado de bênçãos me traz
a sensação de que nunca a totalidade será a casa do amor. Sempre a divisão!!!
Se tu não me entendes em metáforas,
tampouco entenderás sorrisos, lágrimas e orgasmos. Em todos os dias de minha
vida houve mistos de alegria e tristeza, de dias e noites. Como vês, o tema
hoje é a antítese. Como sabes, tu estás bem agora. Como presumes, tu terás vida
longa e feliz (se Deus quiser).
Nossos erros continuados podem se
consubstanciar em acertos. O coração neófito que bate tem sede de vida. E a
vida dela (sim dela) tem mais valor que a nossa, porque assim é a vida. Um dia quem sabe estejamos
juntos. Ao levitarmos em outro plano, talvez possamos nos sintonizar, porque
hoje, cara pessoa, tu estás a navegar verdes mares. Tu és absoluta, tu és o
amor.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Palavras soltas
Pronto! Você
disse tudo o que queria, não me deu razão embora soubesse que ela estava ao meu
lado o tempo todo e se foi sem me deixar falar. O sono foi embora por conta dos
pensamentos que se embaraçam nas cortinas de minhas confusões. E ainda agora
essa solidão que me pertence toda uma semana, a fio, inexorável, brutal.
Ao olhar as
paredes frias e impessoais desse quarto de hotel, sinto os augúrios do
amanhecer que ainda está longe, mas me diz que meu dia será percorrido com
dificuldade, e perceberei as horas se arrastando. Lentas.Não quero falar de
você. Hoje não. Quero só espalhar palavras na tela, sem me preocupar em saber
por onde elas me levarão. Infelizmente sei que em dado momento elas me levarão
a você. Nesse momento aporei o ponto final e correrei para a cama exasperado
por dormir. Não, não posso beber uma garrafa de um bom cabernet hoje. Não seria
sensato.
Embora o amor já me seja antigo companheiro,
ainda não aprendi seus meandros mais secretos. E um misto de pavor, raiva e compreensão, sem
falar da paixão desenfreada, não me permitem saber que o momento de tentar
equilibrar os pensamentos é agora. Pronto, já me veio você à cabeça... como
prometi, ponto final.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Totum continens
São em manhãs como essa, ouvindo uma boa música,
olhando o horizonte recém iluminado pelo sol que percebo que a alegria pode vir
de repente, sem razão alguma, emprestar-me a vontade de explodir de felicidade,
também sem razão alguma. Conheço esse estado em que me encontro agora muito
bem, mas faz tempo que ele não vem assim. Foi só ontem e hoje. Vejo que a
rotina diária é insana e atrapalha enxergar com os olhos da alma.
Absolutamente ninguém tem a ver com a causa disso que me
acontece, acho que apenas os acordes de Vivaldi no inverno das Quatro Estações
que me abalam demais a alma e podem ter relação direta. Pouco importa quanto
tempo isso dure. Pouco importa o quão intenso possa ser esse momento. O que
importa na verdade é que ele aconteça mais vezes, porque o amor que dedico ao
mundo, às suas criaturas [sobretudo as do sexo feminino] é resultado direto do
meu estado de alma [terminando agora o inverno de Vivaldi].
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Um telefonema pela manhã
Recebi um telefonema hoje muito
cedo. Era Fernanda. Já falei dela alguns posts atrás. Conversamos amenidades.
Nanda é dessas amigas que aparecem de vez em quando, deixam uma marca e vão
embora. Nessa ocasião ela queria saber se eu estava morando no mesmo lugar. Disse
que foi em minha casa e não me achou. Estou passando uns tempos fora. Com a
permissão do Mestre Maior eu ainda volto para lá em breve. Eu sabia que
tinha algo que ela queria me dizer afinal Fernanda não é o tipo de mulher que
telefona para alguém só para saber se essa pessoa está bem, se está viva. Quando
lhe disse que estou com alguém notei que ela deu uma baqueada, depois retomou o
mesmo timbre de voz e continuou sua prosa.
Falamos sobre o passado, o
presente, não falamos do futuro. Ela nunca fala do futuro com as pessoas porque
diz que o que ainda não aconteceu só merece mesmo é planos e sonhos, mas
prefere que eles sejam parte apenas dela própria, imersos em seus pensamentos
mais recônditos.
Falamos sobre Stendhal, seu autor
predileto. Ela sempre gostou mais de Stendhal do que Oscar Wilde, e sempre
comparava os perfis dos dois exaltando seu autor e falando que Wilde [o qual já
li quase tudo] era um maluco por ter escrito apenas um romance, e por esse romance
contar uma história absurda [ela falava do livro “O retrato de Dorian Gray”]. Fernanda
nunca entendeu o propósito de Wilde nesse livro, mas gostava dos diálogos de Lord
Henry e Dorian Gray, vai entender as mulheres.
Por fim nos despedimos sem marcarmos nada. Apenas a vida, nessas idas e voltas alucinantes podem nos colocar de novo no mesmo caminho para fazermos novas escolhas, disse ela antes de dizer tchau.
Por fim nos despedimos sem marcarmos nada. Apenas a vida, nessas idas e voltas alucinantes podem nos colocar de novo no mesmo caminho para fazermos novas escolhas, disse ela antes de dizer tchau.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Decifrando Amanda
Uma menina que
sonha com seu futuro, que sonha em se casar. Ela pensa que sua felicidade é
para hoje e tem pressa de vivê-la. Como se tivesse apenas mais uma semana de
vida, ela sonha, ela vive, ela vê seu futuro diante de seus olhos, ela está imersa
em um transe diferente. Mesmo sozinha em seu quarto de menina, à frente do
computador, Amanda se agita, ri, chora [ela chorou muito esses dias]. Sua forma
tão dela de conviver com o mundo pela tela do computador, principalmente, lhe
permite saber o que o mundo lhe reserva lá fora. Ela tem medo do que ainda não
sabe. Seu sexto sentido lhe diz que seus 19 anos são apenas o prenúncio de uma
vida cheia de momentos bons e maus, e que esses últimos são os que lhe ensinarão
que só depois de cair é que é possível aprender a levantar. Suas lágrimas ainda
cairão generosas pelos sofrimentos que ainda virão. Mas ela admite que não
importa qual seja a situação: boa ou má; ela vai mudar um dia.
Ela tem um
amor no coração. Ele surgiu da tela de seu computador e lhe laçou o espírito de
cara. Amanda sente uma coisa diferente no peito quando pensa nele, ela sente
uma onda quente que lhe toma o corpo, outras vezes tem um sentimento de que
todo o amor do mundo vai explodir dentro de seu peito e atingir as mais altas camadas
da atmosfera. Eles estão juntos e ela sonha ferozmente com o compromisso formal
ao lado dele. Sonha que ele vai à sua casa, que conhece seu mundo dentro de seu
quarto, que almoça ali aos domingos, que fazem amor nas tardes preguiçosas em
que seus pais saem e eles ficam sozinhos. Coisas de menina, mas são
fundamentais para ela e é necessário que se tornem realidade para que ela
continue a acreditar que seu mundo é real, e que a realidade do mundo cruel que
ela vê na TV com seu pai é mais uma deturpação de uma vida áspera, árida e sem
sal, por isso ela prefere a sua realidade que não admite ser chamada de
fantasia, porque realidade e fantasia são duas faces da mesma moeda.
Às vezes ela
tem medo de sofrer. Criou até uma frase onde dizia que todo homem e todo sapato
novo, machucam uma mulher apaixonada. São exteriorizações da alma dessa menina-mulher
que ainda tem tons de rosa no seu quarto, uma cama estreita de solteiro
localizada embaixo da janela, um guarda-roupas com suas peças cuidadosamente
colocadas em cabides trabalhados, o maleiro com caixas de sapatos, os quais ela
tem um carinho especial, um espelho na parede que reflete todo seu corpo moreno
e sedento de amor. Seu espelho parece lhe chamar para mergulhar dentro de outro
mundo, como Alice no país das maravilhas.
Ela tem também
um segredo. Como é segredo não cabe aqui elucubrar sobre o que seja. Só ela
sabe, ou então não seria segredo. Isso que ela guarda consigo já a fez chorar.
Ela já morreu de rir com esse segredo, mas as alternâncias de seu humor por
conta disso lhe dizem que é possível carregar um pensamento secreto dentro do
espírito, apesar de que a todo momento seus amigos, suas amigas, seu amor
possam descobri-lo. Seu amado pode ler o segredo em seus olhos, se soubesse como.
Por isso ela se defende e tenta dizer-lhe com o silêncio que seu amor por ele é
o desdobramento de várias vidas dela, e que seu segredo foi algo que
aprendeu no caminho e já compartilha com ele todas as vezes em que fazem amor. Só
falta ele descobrir.
domingo, 30 de setembro de 2012
A tempestade nunca foi tristeza
Pensando bem, a
tempestade nunca foi tristeza. Estive a pensar longamente sobre isso. E concluí
que quando as nuvens fecham o céu, quando o sol se vai, o que fica é a
possibilidade de se refazer. É a águia que quebra o bico na rocha para que outro
nasça mais forte e ela possa viver mais outros tantos anos. É o aço que
queda-se dentro do cadinho escaldante para que tome outra forma e se torne mais
forte.
Necessário se faz
buscar sempre. Somos nossos piores inimigos. Nossas fraquezas tornam-se
evidentes em momentos de tempestades. Mas as forças que emergiram durante a
tempestade anterior são úteis para dissipar essa última. É um ciclo de
renascimento eterno. Incrivelmente a lucidez é maior durante as tempestades.
Então seria preciso que eu tenha esses ciclos eternamente? Acho que um dia a
lucidez da tempestade se fará presente em dias de sol. E a luz do astro maior
enfim trará a sabedoria e a paz que só as nuvens são capazes de trazer nos dias
de hoje.
domingo, 23 de setembro de 2012
Durante a madrugada
Estávamos nus
estirados sobre a cama, em silêncio. Olhávamos nos
olhos, procurando adivinhar os pensamentos que rondavam nossas mentes. Havíamos
a pouco, mergulhado no prazer intenso, procurando em cada parte do outro,
segundos a mais de prazer, de volúpia infinita. Nossas carnes, já suadas,
testemunharam nosso frêmito de desejo. A televisão ligada ao acaso mostrava a
cena de um casal em vias de se separarem, mas nós não estávamos acompanhando o
conflito deles. A cena mostrava uma mulher enrolada num lençol, com os cabelos
desgrenhados e os olhos aflitos. O homem falava ruidosamente sem demonstrar
amor ou cuidado por ela. O cheiro de sexo inundava nosso quarto. Consumimos
todo o conteúdo de uma garrafa de água mineral que suava gelada no ambiente
quente pelo prazer. A penumbra contribuía decisivamente para que o clima de
pecado se instaurasse definitivamente ali. Enquanto isso as lágrimas rolavam
grossas e aos borbotões pelo rosto da mulher prestes a ser abandonada pelo
amante. Seu marido suspeitava da traição e a ameaçava abandonar. O amante, por
sua vez, tencionava abandoná-la porque não suportava a ideia de ter que
desposá-la. Queria-a somente como amante. Um estranho paradoxo para ela que se
perguntava como isso lhe acontecera. Como o desejo lhe entorpecera os sentidos
daquela maneira? Enquanto isso, eu e Amália cochilávamos sonolentos e
embaraçados um no outro.
Fui
despertando do último êxtase lentamente. Levantei, fui à varanda, fiquei
espreitando a cidade que dormia sob a luz da lua fraca e enevoenta que pairava
no oeste. Amália chamava-me para juntar-me a ela na cama. Eu precisava ficar só
por um momento. Parecia que o sexo já não resolvia certas necessidades nossas.
Ela, carinhosa e dependente, chegou-se a mim, tocou-me nas costas, puxou-me
pelo pescoço e ali, na varanda, nua e completa, ofereceu-me a boca que beijei
intensamente. Um beijo é um mistério que procuro interpretar a cada instante.
Somente a intensidade do ato me revela suas nuances mais sutis. Certa vez,
junto a uma mulher que nem sabia o nome, num momento de desejo pronunciado,
beijei-lhe com estrépito e mordisquei-lhe os lábios inferiores. Passei a língua
por entre os lábios e as gengivas e ela gemeu de prazer. A partir desse dia,
percebi o quão interessante e revelador pode ser um beijo bem elaborado.
Eu
já podia ouvir o casal da TV discutindo a bom som, barulhos de tapas e safanões
percorrendo o quarto. Ele foi embora e bateu a porta vigorosamente. Eu me
permitia pensar como se fosse o protagonista daquela cena, excluindo obviamente
as agressões físicas que eles trocavam, porque penso que uma mulher deve ser
respeitada a cada momento. Mesmo que as discussões se desenrolem doloridas,
áridas e severas, o respeito à outra parte deve se fazer presente sob pena de
esfriarmos as fibras de nosso ser com o embrutecimento do espírito e a
deturpação moral. Amália era a mesma mulher doce e atraente de sempre. O que
havia mudado era meu eu. Eu já a conhecia como a mim mesmo, e por alguma razão
isso me incomodava. O que eu conhecia me causava medo e apreensão. Não entendia
o motivo disso por mais que me esforçasse para me analisar. Preciso de um
analista, pensava eu, tomando um gole do champanhe que já rolava quente pela
garganta. A mansidão do mar não permite que os perigos se mostrem audazes. As
tempestades não se fazem nas marolas. E meu espírito precisava da tormenta para
que algo acontecesse. A metamorfose humana acontece nas situações tempestuosas
e comigo não parecia ser diferente.
Amália
havia voltado para a cama e sorvia goles infinitos de água mineral. Estava
falando consigo mesma, numa intensidade que eu ouvia da varanda.
-
Calma, sua esfomeada.
-
Esfomeada não porque não estou comendo nada, estou bebendo...
Eu
sorria com pena de mim mesmo e com pena dela. Ela não merecia a separação. Seus
olhinhos brilhavam de felicidade perto de mim. Até seus cabelos esvoaçavam com
mais beleza por conta da sua alegria. Eu a via nua, seios perfeitos, quadris
desenhados cuidadosamente. As nádegas, grandes, tinham uma curvatura suave e
perfeita. Percebi um fio de cabelo colado pelo suor em sua bunda. Ela estava
feliz à minha espera para celebrarmos nosso amor novamente. Tomei o restante da
taça, olhei novamente a cidade e entrei. Joguei uma água no rosto, mirei-me no
espelho e voltei para a cama. Como um cão faminto pulei sobre Amália e procurei
esquecer aquela loucura que eu acalentava idiotamente. Beijei-lhe com sofreguidão
enquanto olhava em seus olhos entreabertos. Procurei seus seios que palmilhei
com a língua, milímetro por milímetro. Sentia o cheiro da sua pele. Invadi-lhe
com fome de amor. Os movimentos logo se tornaram evidentes e audíveis. Ficamos
nos olhando durante todo o ato. Cariciei-lhe os cabelos e cheirava-os,
acuradamente. Mudamos de posição e passamos a espancar nossos corpos de quatro.
Amália gemia e chorava de prazer implorando-me mais um orgasmo. Explodi por fim
enquanto ela gozava mais uma vez. Estendeu-se na cama e eu caí ao seu lado
exausto, satisfeito. Ela começou a me jurar amor eterno e me pedir para nunca
abandoná-la. Como que num turbilhão, a velha idéia de deixá-la voltou a tomar
parte de meus pensamentos. Ela me acariciava o peito, me beijava o rosto. Seu
corpo nu era algo suavemente belo. Suas ancas perfeitas estavam avermelhadas
pelo impacto repetitivo no meu quadril. Eu simplesmente não tinha coragem de
dizer-lhe o que pensava.
sábado, 22 de setembro de 2012
O equinócio de primavera
Sei que tenho falado
eminentemente de sentimentos, de minha busca pelo amor. Sei que a proposta foi
falar das duas vertentes mais importantes, mas que na verdade querem dizer a
mesma coisa. A busca pelo amor e a busca espiritual. Tenho dedicado maior atenção
à busca pelo amor ultimamente [mas nem sempre foi assim]. Entretanto, vou falar
hoje um pouco sobre a busca espiritual que todo ser humano faz, e que pode
escolher sua forma mais peculiar de se ligar ao Criador. O amor é a raiz de
toda busca, e como falo do Sentimento Maior aqui, vamos continuar a falar dele
e procurar abranger várias de suas formas de manifestação. Vamos falar da
antiga religião, ou Wicca.
Ontem foi 21 de
setembro de 2012 e mais uma vez no ano o dia e a noite se fazem iguais. É
portanto, uma data de equilíbrio e reflexão. Os dias escuros se vão, e a terra está pronta para ser
plantada. É a época do ano em que deus e deusa se apaixonam, e deixam de ser
mãe e filho.
Nessa data, a semente
da vida é semeada no ventre da deusa, a donzela revigorada e cheia de alegria.
O deus é devidamente armado para sair em sua viagem no mundo das trevas e
reconquistá-lo, para que posteriormente a luz volte a reinar.
Ostara é o Festival em
homenagem à deusa Oster, senhora da fertilidade, cujo símbolo é o coelho. Foi
desse antigo festival que teve origem a Páscoa.
Coven
ou Assembléia é, nada mais nada menos, que um grupo de bruxos e bruxas, que se
unem num laço mágico, sob o objetivo de louvar a Deusa e o Deus e o juramento
de fidelidade à Arte. Um Coven tem como filosofia "Perfeito amor e
perfeita confiança”. Isto quer dizer que dentro do Coven deverá prevalecer a
união, pois um Coven é, antes de mais nada, uma família.
Vem esquentando a
atmosfera, os raios do sol baterão mais incisivamente. Tudo na Terra se
movimentará mais rápido. Inclusive o amor. Continuemos a vivê-lo intensamente
sem nunca nos esquecermos de que toda derrota no amor não é derrota, que todo
adeus é apenas um até logo, e que toda vida deve ser vivida com amor, sem
perdermos tempo com sentimentos menos nobres.
Mais sobre o amor...
Buscar o amor não significa que ainda não encontrei, ou que nunca
o tenha encontrado. O que busco são suas manifestações. Precipuamente penso que
o amor se manifesta em todas as criaturas do mundo, do Universo. Assim, também
busco suas manifestações em uma mulher, que para mim é uma das mais lindas
manifestações do amor que se pode conceber. Toda mulher traz o amor carimbado na
alma. Todos somos filhos do amor se considerarmos que somos manifestações de
Deus e Ele é amor.
Amar uma mulher é, antes de qualquer coisa, aprendizado. Aprender
a conhecer o amor é aprender a conhecer a si mesmo. Somos nossos próprios
inimigos e à medida que vamos consumindo da fonte da sabedoria [que é uma forma
de amor] vamos sendo mais fortes que nós próprios, vamos vencendo nossa
ignorância, vaidade e orgulho.
Só o amor liberta. A sabedoria, uma das filhas mais velhas do
amor, é um dos meios para se atingir um fim maior – amar sempre.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Ensaio sobre o corpo de Amanda
Estou a
olhar a pele morena, fresca, úmida, com cheiro de mulher. Não estou falando de
cheiro do perfume feminino, mas sim da pele dela. Aquele cheiro que se compõe
da sensualidade, da etnia, do estado emocional, do tesão exposto nos poros. A
fragrância resultante dessa estranha mescla é um potente feromônio que me atrai
intensamente. Ao me aproximar dela, percebo que seu corpo treme. Apesar de
nunca ter podido tirar suas roupas, porque ela o faz antes que eu possa
fazê-lo, tamanho seu desejo (ou apreensão, não sei ao certo). Depois de se
despojar das peças que ficam expostas, se retém apenas de calcinha e sutiã,
deita na cama e se vira de bruços. Imediatamente passo a admirar aquele corpo
sem tocá-lo. Apenas olhando. Sei que ela aguarda o toque. Ela sabe que admiro
seu bumbum com
uma devoção extremada. Propositadamente ela se deita e mexe sutilmente com o quadril levantando sua bunda e deixando-a ainda maior do que é. Suas formas curvilíneas sutis me tomam de desejo fora de medida. Tal qual duas montanhas que se avolumam e tomam conta de meu olhar, apaixonante. Quando ela desfila pelo quarto, olho disfarçadamente, pois lhe causa timidez meus olhos devoradores. Pena que ela não saiba que minha admiração pelo seu corpo é maior que ela poderia simplesmente supor. Ao andar, ainda de calcinha, o que, inclusive forma um conjunto inigualável de beleza e desejo, é difícil não perceber que o meneio de seu traseiro é lento, encantador, pulsante na minha vontade desmesurada de agarrar-lhe ferozmente e tombar-lhe o corpo no catre e encher-lhe de potentes estocadas até explodirmos juntos, mais uma vez em infinito orgasmo.
uma devoção extremada. Propositadamente ela se deita e mexe sutilmente com o quadril levantando sua bunda e deixando-a ainda maior do que é. Suas formas curvilíneas sutis me tomam de desejo fora de medida. Tal qual duas montanhas que se avolumam e tomam conta de meu olhar, apaixonante. Quando ela desfila pelo quarto, olho disfarçadamente, pois lhe causa timidez meus olhos devoradores. Pena que ela não saiba que minha admiração pelo seu corpo é maior que ela poderia simplesmente supor. Ao andar, ainda de calcinha, o que, inclusive forma um conjunto inigualável de beleza e desejo, é difícil não perceber que o meneio de seu traseiro é lento, encantador, pulsante na minha vontade desmesurada de agarrar-lhe ferozmente e tombar-lhe o corpo no catre e encher-lhe de potentes estocadas até explodirmos juntos, mais uma vez em infinito orgasmo.
É um lindo
conjunto: seu rosto, seu cabelos sedosos, lisos, seus seios arfantes e
redondos, seu tronco, seu abdômen, seu umbigo ornado com pequena pedra, sua
cintura fina contrastando com o quadril proeminente, sua virilha, isenta de
qualquer pelo, quente, suave, doce, fulminante; suas pernas longas, macias,
indefiníveis, seus pés que terminam aquela obra de arte.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Difícil de dizer
Naquele inesperado momento, ela
levantou-se da cama vestindo apenas a peça íntima e correu para o banheiro
batendo a porta com força. Ele havia ficado na poltrona, mal acomodado, com um
copo de água gelada nas mãos. A discussão que acontecera há pouco foi pesada e
ambos se abalaram de mais. A moça chorava às escondidas no banheiro temendo o
que aconteceria. Temendo a próxima cena. O ato sexual que tiveram antes da
discussão significava muito para eles, mas nenhum dos dois queria assumir isso
diante do outro ou dar o braço a torcer. Ele, pensava ela, bem que podia querer
assumir compromisso sério comigo. Ele anda tão imerso em seus próprios
problemas que nem pensa em meus sentimentos. Ele é um idiota em não me querer. Nunca
nos entenderemos. A paixão gosta de corações violentados e cheios de culpa por
querer tanto alguém assim. Os homens são todos iguais.
As lágrimas grossas rolavam pela
pele fresca que cobria seu rosto vermelho de tanto chorar. Ela se olhava no espelho e
se perguntava por que nada dava certo em sua vida. Não sabia definir o que era
amor, o que era ódio, não sabia qual dos dois sentia por ele naquele momento.
Seu corpo seminu, que acabara de provar o gosto do prazer, estava ainda com as
marcas do sexo.
Meu Deus, como é difícil amar. Que
misto de sentimentos em um só coração! Não quero mais ele em minha vida. Quero
o fim.
O rapaz procurava esfriar a
cabeça, procurava serenar os pensamentos. Um turbilhão de ideias passava pela
sua mente. Ele não era capaz de apaziguar seu coração sem a ajuda dela, e achava
erroneamente que ela não teria maturidade suficiente de entender um problema
pelo qual passava e não podia lhe contar, não era fácil dizer. Finalmente uma
lágrima rolou de seus olhos. Ele pegou a caixinha de joias que tinha no bolso, acariciou
as alianças douradas que estavam dentro, examinou com cuidado seu nome e o dela
gravados no interior de cada peça e voltou-a no bolso. Levantou-se, foi à
varanda e ficou olhando as estrelas, perdido, procurando um jeito de dizer que
a queria para ser sua esposa.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Tempestades
Por esses dias as nuvens voltaram a cobrir o céu. Os tons de cinza trazem-me ao passado onde, perplexo, percebo que converso novamente contigo. Essas tempestades sempre brotam assim. E tu sempre me foi referência, uma espécie de norte onde volto a me orientar para seguir em frente e poder continuar a tomar conta de nossa pequena. Lembra-te daquela tarde onde conversamos sobre o futuro? Onde juramos não nos perdermos em nós próprios, pois sempre somos nosso pior inimigo? Então querida... Estou precisando filosofar novamente contigo. O mundo anda tão diferente de quando estivemos juntos. Lembra-se do poema de Camões? Lembra-se da promessa? Nunca me esqueci dela... Hoje lembrei de novo do poema, já o guardei na surrada memória. É mais ou menos assim:
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
(Camões)
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Coisas do Coração - FINAL
A chuva caía
torrencialmente naquela manhã. Joana estava parada numa lanchonete da
rodoviária tomando uma xícara de café distraída, pensando em Malbec. Como seria
ele? Alto, baixo, moreno, louro? O que fariam depois que ele chegasse? Onde
iriam? Até aquele momento ela não sabia onde arrumara coragem para ir até a
rodoviária. Quando saiu de casa, suas pernas tremiam. Para engatar a primeira
marcha no carro custaram-lhe longos segundos. De repente, surge na esquina um
ônibus. Olha o nome da empresa gravada no ônibus e estremece. Era ele. O tempo
que o ônibus gastou para contornar o canteiro e estacionar na plataforma
parecia uma eternidade. Ela permaneceu dentro da lanchonete. Sentia-se
protegida lá. Foi quando desceu do ônibus, um dos últimos a descer, um rapaz
alto, moreno, cabelos curtos, bem aparados, mochila nas costas, pouca bagagem.
Não sabia porque, mas sentia que era ele. Parado, ele olhou para os lados,
coçou a cabeça e antes que ele desse um passo, ela surgiu na porta da
lanchonete que distava no máximo 20 metros de onde o rapaz estava. Ambos se
olharam então pela primeira vez. Foi algo que pareceu uma eternidade para eles.
Os olhos fitaram-se mutuamente por segundos eternos. Partiu dele a iniciativa
de caminhar em direção a ela. Foi então que aconteceu um abraço quente,
apertado, entremeado de lágrimas. Não disseram nada por algum tempo. Até que,
naturalmente, desenrolaram-se dos braços um do outro e ele disse oi. Ela
respondeu com a voz embargada. Saíram rapidamente dali e foram para um hotel
onde ele se hospedaria. No carro não disseram nada. No salão do hotel, enquanto
tomavam café, conversavam como se fossem velhos conhecidos. Ele tinha todo um
ritual para servir-se. Primeiro o pão. Integral e cortado em fatias. Depois o
mel no pão. Finalizava servindo-se de uma xícara de chá. Não gostava de café.
Enojava-lhe o gosto. Depois que ele se instalou no hotel, se despediram e
marcaram de almoçar juntos num restaurante. Ela se foi. No caminho de casa
cantarolava uma música que tocava no seu aparelho de CD. Era uma música antiga
de Charles Aznavour, chamada Hier Encore. Estava alegre a ponto de explodir.
Sentia-se uma garota de quinze anos. Na hora do almoço estava pontualmente
parada na recepção do hotel vestida de forma sóbria e discreta. Ele desceu vestido
de uma calça jeans, camisa pólo preta e sapatos pretos. Cumprimentaram-se com
beijos na face e se foram. No caminho, ele começou a dizer a ela que aquele
momento que estava vivendo era o mais especial da sua vida. Que estava
encantado com ela, com o cheiro do seu perfume que caía perfeitamente nela. Que
a imaginara justamente como ela era. Que isso tudo era coisa que ele não
conseguia explicar apesar de tentar. Ela ouvia calada e trêmula. No
restaurante, sentaram numa mesa reservada num canto. Era um ambiente
requintado, elegantemente decorado. Enquanto o garçom não vinha beijaram-se
pela primeira vez. Não foi roubado, simplesmente aconteceu. Esse beijo foi algo
que tirou a respiração de Joana. A boca do rapaz, quente e fresca, devorava-lhe
a língua com movimentos suaves, mas vigorosos. Não havia ninguém para vê-los
naquela situação, por isso estavam a salvo. À chegada do garçom pediram
Fetuccine a Parisiense. Quando o garçom perguntou o que beberiam, ela disse
mais que depressa: qualquer vinho produzido com a uva Malbec. Assustou-se
consigo mesma pela iniciativa. Ele deu um risinho despretensioso, mas não disse
nada. Almoçaram conversando animadamente, com a alegria fazendo companhia à
mesa, com o amor se consubstanciando. No ambiente tocava o Adágio de Albignoni
e Malbec explicava a ela a história dessa obra prima do compositor clássico
italiano. Falaram sobre vinhos também, porque era uma paixão de ambos.
Passaram a
tarde juntos. A chuva continuava a cair em intervalos mais ou menos uniformes.
Estavam num lugar ermo, onde os namorados iam para estarem mais a vontade.
Tomaram chuva e se beijaram loucamente. Molhados. Resolveram por fim,
embriagados pelo desejo, ir a um local mais confortável e discreto. Foram a um
motel. Amaram-se fundidos num só corpo e num só espírito. Ele a tocava com a
doçura de uma criança. É que há prazeres que se ouve com os sentidos e se vê
com o toque das mãos, dos lábios. Ela bebia a inspiração do prazer dele. Suas
ancas abrigavam as ritmadas estocadas de Malbec, e tinha ímpetos de sair dali
voando, delirando, num misto de prazer e volúpia. Ao tomarem garrafas inteiras
de vinho, sentiram por momentos que se viam num mundo diferente, com a contagem
do tempo diferente, com as cores mais vivas, com os sentidos mais aguçados.
E assim foi o
fim de semana. Como que em lua-de-mel, aproveitaram cada segundo de que
dispunham. Viveram intensamente. Ardentemente.
E foi assim
que fiquei sabendo o que eles viveram. E não me perguntem o que aconteceu com
eles depois. O que sei, baseado em confissões e depoimentos de pessoas que ela
conhecera, Suzana inclusive, foi que eles se amaram longo tempo. E Joana
descobrira o nome real de Malbec, mas esse nome não tive notícia de qual era. Quem
sabe a história ainda esteja acontecendo. Sim, porque o amor é atemporal pelo
fato de ser eterno. Onde estão agora? Essa resposta fica no ar.
sábado, 8 de setembro de 2012
O segredo de Amanda
O corpo
lânguido e suado suporta o peso do homem. Seus cabelos colam na face como resultado
do suor descompassado que corre pela fronte. O ápice chegara mais uma vez e ela
treme demoradamente o corpo e goza em silêncio. Ele continua as estocadas
vigorosamente porque seu clímax ainda demora. Enquanto isso Amanda vai abrindo
seus olhos da alma para novas nuances que nunca havia percebido. São apenas
breves momentos em que o espírito consegue ver coisas que nunca cogitaria se
não fossem as fortíssimas vibrações de um orgasmo. Ela vê finos fios de luz
percorrendo-lhe o corpo e sumindo pelo teto, penetrando-o. Ela se sente como a
levitar pelo quarto sem peso, sem gravidade. São raríssimos esses momentos e
Amanda agradecia seu homem em pensamento por proporcionar-lhe tamanho prazer.
Os sentimentos de Amanda são o segredo para se vislumbrar visões raríssimas
envolvendo a energia espiritual. Os dois sabiam como celebrar esse ritual
porque ele havia aprendido e a ensinara. Os resultados somente aparecem se todo
o ato for feito da forma rigorosíssima com a qual deve acontecer e envolver um
forte sentimento de comunhão dos dois corpos. Fundiam-se num só corpo
praticamente. São mistérios que eles apenas sabiam fazer acontecer, mas não
tinham ideia, nem de longe, de como explicar. O transe em que Amanda mergulhara
permitia que ela vivesse os dias como uma pluma, que seu sorriso explodisse no
seu rosto e a felicidade tomasse conta de sua vida como se isso fosse a coisa
mais fácil do mundo. Ela sabia muito bem que o que sentia quando entrava em
transe era a fonte de sua energia de viver. A magia que ela vivia era seu
combustível infindável e secreto. Ela passou a agradecer à mãe Lua por tudo o
que lhe acontecia de bom e mesmo de ruim.
Divindades são fontes positivas, são usinas do
bem. E Deus está imenso em cada partícula desse imenso Universo, pensava ela.
Acreditar tendo uma fortíssima razão é mérito para poucos. Amanda era dona de
um segredo e ela amava esse fato. Mal via a hora de estar com ele novamente
para poder visitar aquele mundo repleto de cores radiantes, de luzes tênues ou
brilhantes, mas sempre suaves e convidativas a mais uma experiência.
Dissensões
Por mais que
tenhamos a convicção que uma vida, ou um sentimento possam não ser os mesmos
depois de decorrido o tempo, ainda precisamos nos certificar disso muitas
vezes. É que uma vida vale um sentimento, e não estou querendo diminuir o valor
de uma vida, mas sim potencializar a dimensão dos sentimentos. Tenho dito aqui
no blog que amor e paixão para mim tem significados um pouco distintos da
maioria das pessoas desse pequeno planeta. O amor pode acontecer numa noite (o
ato) e paixão pode acontecer durante toda uma vida. Não quero aqui acalentar um
debate filosófico sobre um sentimento e outro, pois o propósito do blog é uma
leitura leve e sugestiva. A única coisa que reafirmo é que o amor pode
acontecer inúmeras vezes durante a vida de uma pessoa e não apenas uma única.
Dissensões apenas. Amigos podem divergir as opiniões e continuarem amigos. Com
isso, ambos crescem e conhecem pontos de vista diferentes.
sábado, 30 de junho de 2012
De volta ao mundo
Olá. Estou
extremamente ausente ultimamente. Estou com o coração ocupado, e, ao contrário
da maioria dos escritores (quanta pretensão minha), quando a paixão me visita
perco a criatividade. Não sei o que acontece. Simplesmente as palavras somem.
Vivo a paixão e me esqueço de perpetuá-la no papel. Quando o sentimento se
aquieta – aquieta-se, e não acaba – daí eu consigo conciliar pensamentos e
traduzir em palavras as tempestades que o coração me proporcionou.
Vivi uma paixão violenta
recentemente. Pois é. Nessa seção do blog fica no ar se o que conto é verdade
ou é um devaneio, mas prefiro que continue no ar, por algumas razões bem
particulares. Com o passar do tempo vou contar aqui alguns episódios de minha
história com ela. Sei que ela está bem agora – está melhor que quando estava
comigo. Não pude corresponder o amor daquele coração jovem e sedento por
carinho. Ela vive com muita intensidade. Uma garota sensacional. Nunca me
esquecerei dela.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Namorados
O rapaz chegou para junto da moça
e disse:
- Antônia, ainda não me acostumei
com o seu corpo, com o seu rosto.
A moça olhou de lado e esperou.
- Você não sabe quando a gente é
criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
- A gente fica olhando.
A meninice brincou de novo nos olhos
dela.
O rapaz prosseguiu com muita
doçura:
- Antônia, você parece uma
lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez
exclamações.
O rapaz concluiu:
- Antônia, você é engraçada! Você
parece louca.
Manuel Bandeira
Manuel Bandeira
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Coisas do coração 3
O dia mal
amanheceu e Joana estava a andar de um lado para o outro do quarto pensando: o
amor é mesmo cheio de armadilhas e contradições. Os momentos em que ele nos toma,
como que de forma voluptuosa e selvagem, apesar da insistência inútil de
desvencilhar-nos dos seus braços sedutores, esses momentos nos parecem eternos. Apesar de
que a eternidade é impossível de compreender pela forma metafísica. Deus é
eterno e o amor é eterno. Mas o que senti por ele não é amor. É o que então?
Paixão? Desejo? Cumplicidade? Talvez seja todos esses sentimentos elevados a um
extremo inimaginável. Mas amor não. Recuso-me e acabado. Acho que homens jovens
devem se apaixonar por mulheres jovens e casarem-se com elas. Acho que homens
mais novos dão um trabalho imenso na cama com toda aquela ânsia de possuir as
carnes da mulher que ama e deseja. Acho que a sociedade, sobretudo minha filha,
não entenderiam um amor assim. Lá vem eu falando de novo em amor. Oras.
Em vão
procurou relaxar. Após um choro compulsivo foi ao espelho do banheiro e
procurou nele o reflexo do seu rosto. A pele ainda fresca, a boca desenhada com
cuidado, os olhos avermelhados e imersos em lágrimas. Procurou
em si uma resposta para o seu dilema, mas não a encontrou. Os soluços, as
lágrimas ainda presentes mostravam que o dia que mal começara já era testemunha
de mais uma crise de choro.
Foi à padaria,
preparou o café, cheirou a fumaça que subia do bule e fez uma carinha de mulher
com fome. Sorriu quando se imaginou vendo a si mesma naquela situação. Comeu um
fragmento do pão passado na manteiga, bebeu uma chávena de café e foi-se para o
trabalho.
Seu Patrício não havia ido trabalhar naquele dia. Joana achou estranho, mas não comentou com ninguém. No seu computador nenhuma mensagem de Malbec. Notas fiscais, recibos, pedidos, expedientes, conversas infindáveis ao telefone. Nem viu o dia passar. Sei que o remédio é meter a cara no trabalho, pensou ela. À noite, no seu computador, uma mensagem de Malbec: “me espera logo mais, precisamos conversar, te amo, Malbec.” Joana estremeceu e sentiu uma faísca irromper-lhe os olhos. Me ama? Ele nunca havia dito isso. O que será que ele quer? Apesar de negar para si mesma, Joana estava demasiadamente alterada para notar que havia adorado a mensagem e que iria falar com ele novamente, apesar de fazer jogo duro com o pobre rapaz. Lá pela meia noite, ele entra no programa de mensagens instantâneas e se põe a confessar de forma peremptória e inesperada, seus sentimentos. Disse que a amava apesar de nunca terem-se tocado, e que esse fenômeno o surpreendera também, mas que era fato e não podia fazer nada contra isso. Que precisava materializar esse sentimento, que a queria, de forma efetiva, para ele. Joana sentiu-se sobressaltada com a confissão do rapaz. Disse por fim que era mais velha que ele, que um suposto romance entre ambos não daria certo, que as pessoas iriam falar dela, que a mãe dele não a aprovaria, essas coisas. Nem falou da sua filha. Malbec disse-lhe que tomaria um ônibus para a cidade dela no outro dia, apesar das negativas insistentes de Joana. E disse por fim: vou e acabou-se. Quero ir parar na sua porta, mas como não o posso, espero que você me encontre na rodoviária. Se você não estiver lá, saberei que seu preconceito contra mim foi maior que esse amor que martela seu coração. E despediu-se. Joana sentiu todo o seu ser gelar diante da decisão do rapaz. No outro dia, sábado, às 7 da manhã, ele estaria na sua cidade. E agora? Precisava pensar rápido no que fazer.
Seu Patrício não havia ido trabalhar naquele dia. Joana achou estranho, mas não comentou com ninguém. No seu computador nenhuma mensagem de Malbec. Notas fiscais, recibos, pedidos, expedientes, conversas infindáveis ao telefone. Nem viu o dia passar. Sei que o remédio é meter a cara no trabalho, pensou ela. À noite, no seu computador, uma mensagem de Malbec: “me espera logo mais, precisamos conversar, te amo, Malbec.” Joana estremeceu e sentiu uma faísca irromper-lhe os olhos. Me ama? Ele nunca havia dito isso. O que será que ele quer? Apesar de negar para si mesma, Joana estava demasiadamente alterada para notar que havia adorado a mensagem e que iria falar com ele novamente, apesar de fazer jogo duro com o pobre rapaz. Lá pela meia noite, ele entra no programa de mensagens instantâneas e se põe a confessar de forma peremptória e inesperada, seus sentimentos. Disse que a amava apesar de nunca terem-se tocado, e que esse fenômeno o surpreendera também, mas que era fato e não podia fazer nada contra isso. Que precisava materializar esse sentimento, que a queria, de forma efetiva, para ele. Joana sentiu-se sobressaltada com a confissão do rapaz. Disse por fim que era mais velha que ele, que um suposto romance entre ambos não daria certo, que as pessoas iriam falar dela, que a mãe dele não a aprovaria, essas coisas. Nem falou da sua filha. Malbec disse-lhe que tomaria um ônibus para a cidade dela no outro dia, apesar das negativas insistentes de Joana. E disse por fim: vou e acabou-se. Quero ir parar na sua porta, mas como não o posso, espero que você me encontre na rodoviária. Se você não estiver lá, saberei que seu preconceito contra mim foi maior que esse amor que martela seu coração. E despediu-se. Joana sentiu todo o seu ser gelar diante da decisão do rapaz. No outro dia, sábado, às 7 da manhã, ele estaria na sua cidade. E agora? Precisava pensar rápido no que fazer.
terça-feira, 17 de abril de 2012
Parece loucura
Perguntaste-me
se penso em tu assim como pensas em mim. Digo-te que penso muito mais. E digo
também que consegui voltar no tempo... por quinze anos!!! Parece loucura.....
mas não é.
Coisas do coração 2
Seus olhos
abriam para um novo dia e, preguiçosos, conferiam a janela, a cortina, a TV que
passou a noite ligada. Dormira novamente com a TV ligada. Ela ria, mas se
repreendendo em seguida pelo fato. Lembrou-se, de repente, da mensagem que
enviou para Malbec na noite anterior e da conversa que tiveram. Ele era muito
especial, realmente. Além de lhe parecer muito inteligente, conhecia com
minúcias os vinhos que tanto lhe atraíam pelo romantismo e pelo mito de
milênios. Pronto, sua vida virou-se de cabeça pra baixo. Essas paixões
repentinas não lhe visitavam desde quando se divorciou do marido. Ia com
freqüência a casa de suas amigas, onde um dia, conheceu um quarentão de cabelos
grisalhos, que lhe atirou um olhar daqueles penetrantes e lhe disse oi. Depois
de conversarem por algumas horas, tocaram-se de leve os rostos e se beijaram na
face, selando o primeiro encontro. Depois de poucos meses, descobriu com certa
ojeriza que ele era casado. Com isso, Joana aumentava cada dia mais o muro que
construíra dentro si para se defender dos homens. Aí foi a última vez que se
apaixonara de repente. Temia sofrer, como a criança que teme dormir no quarto
escuro, e prometia para si mesma nunca mais se envolver com os homens. Mas hoje
sentia que algo havia mudado. O muro continuava alto e inacessível, e com essa
segurança, Joana arriscava conversar noites a fio com Malbec, sem saber seu
nome real, quem era, ou mesmo sua idade. Essa era a forma que ela se protegia
de uma provável decepção, afinal, seu muro a protegia contra as ciladas do
coração. Todas as manhãs, na repartição, e todas as noites, em casa, abria as
mensagens doces e apaixonadas do seu “bebedor de vinhos“, e lhe respondia todas
com a mesma doçura e emprestando a cada letra um carinho inenarrável e
inconfessável, mas casual, pensava ela. Nunca mais saíra com Suzana e Marta,
seu interesse pelo barzinho de sempre de repente se esfriou, diria até que
gelou.
Uma noite, ao abrir seu programa de mensagens, deparou
com uma mensagem de Malbec que dizia: “estou na aula, infelizmente não posso
lhe dedicar agora a atenção que você merece. Um beijo quente de paixão.
Malbec.” Pronto! Malbec estudava ainda? Cursaria o ensino médio, uma faculdade?
Um doutorado? Não. Acho que ele faz mesmo é o ensino médio. Então ele deve ser
muito novo. E eu com 4.0. Ai meu Deus! De novo não. Será que não dou sorte no
amor? Será que sempre perco nesse jogo? E divagava sem parar, sem se dar conta
que o tempo voava. Até que num momento, Malbec lhe chamou no computador,
dizendo que já estava em
casa. Com o receio de descobrir o que já previa, perguntou a
ele sua idade. Ele lhe disse qual a razão dessa pergunta já que ela mesma havia
determinado que essas informações não eram necessárias, pois ela preferia a
impessoalidade. Mas diante da insistência dela, ele confessou, afinal. 32. 32?
Pensou ela. 32? Meu Deus! Mas disse alguma coisa, com falsa naturalidade e
disfarçou a decepção que tomara conta dela. Já na cama, dizia para si mesma.
Acabou o encanto.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Amor atemporal
De almas sinceras a
união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
Willian Shakespeare
domingo, 15 de abril de 2012
Eu e você
“…Pois que a beber me deste em taça transbordante,
E a fronte no teu colo eu tenho reclinado,
E respirei da tu’alma o hálito inebriante,
- Misterioso perfume à sombra derramado;
Visto que te escutei tanto segredo, tanto!
Que vem do coração, dos íntimos refolhos,
E tive o teu sorriso e enxuguei o teu pranto,
- A boca em minha boca e os olhos nos meus olhos…”
E respirei da tu’alma o hálito inebriante,
- Misterioso perfume à sombra derramado;
Visto que te escutei tanto segredo, tanto!
Que vem do coração, dos íntimos refolhos,
E tive o teu sorriso e enxuguei o teu pranto,
- A boca em minha boca e os olhos nos meus olhos…”
Victor Hugo
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