segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Tempestades

               Por esses dias as nuvens voltaram a cobrir o céu. Os tons de cinza trazem-me ao passado onde, perplexo, percebo que converso novamente contigo. Essas tempestades sempre brotam assim. E tu sempre me foi referência, uma espécie de norte onde volto a me orientar para seguir em frente e poder continuar a tomar conta de nossa pequena. Lembra-te daquela tarde onde conversamos sobre o futuro? Onde juramos não nos perdermos em nós próprios, pois sempre somos nosso pior inimigo? Então querida... Estou precisando filosofar novamente contigo. O mundo anda tão diferente de quando estivemos juntos. Lembra-se do poema de Camões? Lembra-se da promessa? Nunca me esqueci dela... Hoje lembrei de novo do poema, já o guardei na surrada memória. É mais ou menos assim:

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

(Camões)

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