domingo, 6 de julho de 2014

Simile

Havia uma pequena vila cravada numa densa serra, alta e fria nos meses de inverno. Sua aparência, funesta nos meses quentes, se tornava bela e misteriosa na época do frio. Ali reinava a paz indevassável e seus habitantes viviam fartamente com a certeza de que tudo aquilo lhes bastava e nunca acabaria. Permanecia sobre a vila, perdida e fria, um nevoeiro que teimava em ficar ali, parado por dias, meses, anos a fio. Muito raramente os raios do sol se esgueiravam por entre o nevoeiro e iluminava as casas por instantes. Um dia, porém, ao sul do vilarejo se formou uma grossa e pesada tempestade. Dia após dia a tempestade se tornava mais forte e se aproximava mais e mais da cidadezinha pequena.

Numa manhã nebulosa a tempestade abateu-se, enfim, sobre a cidade. Os ventos cortavam os rostos mais incautos com força. Foram dias assim, meses. Era preciso ficar dentro de casa, com a lenha crepitando no fogo, para que o calor lhes aquecesse, mesmo que debilmente. 

Um dia também, a tempestade se foi. Depois que ela se perdeu por trás das últimas montanhas que podiam ser vistas ao norte, estabeleceu-se um dia claro e ensolarado sobre a vila. No outro dia, novamente sol. A assim se sucederam vários meses. A luz trouxera um entendimento diferente aos habitantes da distante vila. Embora eles soubessem que o nevoeiro foi-lhes necessário até aquele momento para darem melhor valor à luz, eles também sabiam que um dia o nevoeiro poderia retornar do mesmo lado da serra e trazer os sentimentos de outrora novamente. Seria então necessária nova tempestade para que tudo se fizesse luz de novo. Era melhor para todos eles que o sul só trouxesse ventos calmos. Assim a luz nunca mais iria embora.

domingo, 25 de maio de 2014

Cruciante

É incrível como algumas manhãs trazem menos luz que outras. Seria porque a tristeza combina com a escuridão? Seria porque uma parte de nós não habita o mesmo coração? Quem sabe o desencontro consigo mesmo seja o prenúncio de que vale a pena dobrar a próxima esquina e descobrir novamente em que lugar nosso espírito passeia.

Certa vez um amigo me disse que estar feliz nesse mundo de lágrimas é um sonho impossível. De certa forma ele está certo. Conviver todos os dias sem uma parte de você é tarefa penosa.

Um dia, enfim, nossos olhos se fecharão para sempre e se livrarão dessas nuvens incômodas.

E quando se abrirem de novo, todos seus pedaços se reencontrarão definitivamente e nunca mais uma noite com garras afiadas lhe machucarão os pensamentos.


Assim seja.

Apollo

sábado, 17 de maio de 2014

Uma fase de regeneração

Conflitos... 

Amargas bênçãos permitidas por Deus para nos tornar melhores.

Emergentes de nossos defeitos e imperfeições, os conflitos são ferramentas necessárias. São como remédio amargo em direção à cura da patologia implacável. Se o orgulho nos leva à petulância e à prepotência, o conflito derivado desse defeito congênito, nos leva de volta aos braços da humildade e do amor.

Paz de espírito nos conduz ao verdadeiro amor.

Tranquilidade moral nos torna retos com o auxílio da disciplina.

Perturbações espirituais encontram fim na boa ação praticada a outras pessoas.

Longe de ser um defeito, o amor se regenera à medida que nossas vaidades são queimadas no teatro de nossas lutas diárias.

Vale a pena ser paciente. Vale a pena perdoar.

Mesmo que a solidão atormente a quem muito ama, seu prêmio maior está a caminho. Faça o melhor de si e não prejudique ninguém, assim, seus defeitos serão aterrados sob os escombros da bondade.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Os ventos gelados do sul (vem chegando...)

O ar frio vindo do sudoeste já se faz notar nos inícios das manhãs. O clima já está diferente...

Vem chegando a estação dos chalés de madeira sobre as montanhas, dos vinhos nas taças, dos fondues fervendo, dos pratos fumegando.

Vem chegando a estação do amor mais quente, das roupas elegantes, dos rostos frios de manhã.

Historicamente o ser humano busca o calor do fogo para se aquecer, para celebrar o fim das colheitas, para celebrar o amor.

Cerque-se de bons vinhos, de boa companhia, de um bom edredom e perceba que os ventos frios do sul não trazem apenas o frio... trazem muito mais coisas.

Beijo quente... fervendo!!



Apollo

domingo, 4 de maio de 2014

Gabriel Garcia Marquez

"Pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma."

Gabriel Garcia Marquez

terça-feira, 29 de abril de 2014

Me fascina

Me fascina tua pele e teus olhos, e a insistência em te tornar ainda mais bela. Teus beijos, sempre quentes, são a prova do sentimento que trazes junto a teu peito;

Me perco em teus olhos sempre reluzentes. E tua mão com toque suave e envolvente. Suga-me o corpo e inala-me em tua alma;

Escolheste-me para eleger, junto a ti, o amor implacável que nos imerge em ondas fulgurantes de prazer;

Teu vestido, teus sapatos, teu batom... ruína de uma pobre alma que procurava por outra tão gêmea;

Juntos podemos resistir ao nascer do sol, que de tanta luz derramada nos faz parecer ofuscados dentro de uma incompreensível sombra clara;

Me fascina teus livros sempre lidos com a ânsia de saber que nunca serás mais que uma em minha cama;

E teu nome, sempre rima com meus métodos...

E tua voz nunca dizes que tens medo, apesar da certeza de que a lâmina pode cortar-nos em um só golpe;

Existe um objetivo nas lágrimas proferidas... amar, sofrer, sorrir, mas nunca desistir.

Apollo

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Recomendo esse livro

Estou lendo um livro que me foi muitíssimo bem recomendado, mas eu mantive minha guarda fechada até a quinta ou sexta páginas apenas. Como o livro foi escrito no fim do século XVIII, eu tive uma falsa sensação de que o livro me serviria apenas como um meio de conhecer as formas pueris e inocentes de transar daquela época. Mas qual foi minha surpresa ao perceber que os "métodos" desses nossos ancestrais são tão ou mais apimentados que os nossos. De queixo caído não pude deixar de colar uma "ingênua" página do livro aqui para que você entenda do que eu estou realmente falando. Ahh... o nome do livro? Filosofia na Alcova, da lavra de Marquês de Sade.

Publicado em 1795, esse romance na forma de diálogos faz a maioria dos livros eróticos de hoje parecerem contos infantis. Em meio a orgias com intuito de educar sexualmente uma jovem, o autor critica os costumes burgueses e a religião. Logo no início faz um apelo aos libertinos e pede para que as “mulheres lúbricas” desprezem tudo que contrarie as leis do prazer. A linguagem erudita e arcaica não diminui o erotismo e a narrativa transgressora de Sade, com direito a ménages e sodomias homos e héteros.

Recomendo com louvor. 

Beijo quente...
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Apollo


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Estar sozinho...

Há o momento de amar, o momento de se restabelecer, o momento de estar sozinho. Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para conhecer os outros. Estar sozinho parece cruel, a solidão incomoda, mas é o único jeito, reitero, o único jeito de se conhecer.

Esses pensamentos de Osho é uma boa reflexão sobre como lambermos nossas próprias feridas causadas no embate do dia-a-dia. Estar cego diante de si é o primeiro passo rumo ao precipício que se abre sob nossos pés.

Boa leitura!

Apollo

"Como descobrir o essencial? Buda saiu em silêncio durante seis anos. Jesus também foi para o ermo. Seus seguidores, os apóstolos, queriam ir com ele. Eles o seguiram e a certo momento, num certo ponto, ele disse: “Parem. Vocês não devem vir comigo. Agora, eu devo ficar sozinho com meu Deus.”. Ele entrou no deserto. Quando ele saiu de volta, ele era um homem totalmente diferente: ele tinha se defrontado consigo mesmo.

      A solidão torna-se o espelho. A sociedade é o engano. Eis por que você tem medo de ficar sozinho – porque você terá de se conhecer na sua nudez, na sua ausência de ornatos. Você tem medo. Ficar sozinho é difícil. Sempre que você está sozinho, você imediatamente começa a fazer alguma coisa, de modo a não ficar sozinho. Você pode começar a ler o jornal, ou talvez você ligue a TV, ou você pode ir a um clube para se encontrar com alguns amigos, ou talvez visitar alguém da família – mas você tem de fazer algo. Por quê? Porque no momento em que você está sozinho sua identidade se derrete, e tudo que você sabe sobre si mesmo fica falso e tudo o que é real começa a vir à tona.

     Todas as religiões dizem que o homem tem de entrar em retiro para conhecer a si mesmo. A pessoa não precisa ficar lá para sempre, isso é inútil; mas a pessoa tem de ficar em solitude por um tempo, por um período. E a extensão do período dependerá de cada indivíduo. Maomé ficou em solitude durante alguns meses; Jesus por somente alguns dias; Mahavir durante doze anos e Buda durante seis anos. Depende. Mas a menos que você chegue ao ponto onde você possa dizer “agora conheci o essencial”, é imperativo ficar sozinho."

Osho

sábado, 12 de abril de 2014

A mulher e os filmes pornôs

Outro dia eu estava lendo uma coluna num site, escrita por uma mulher, e ela se mostrava indignada sobre o público a que se direcionam os filmes pornôs. Eu devo concordar com ela.
Mulheres realmente assistem a filmes pornôs. E não são poucas mulheres! Mas elas escondem esse fato porque o primeiro comentário que ouvem quando contam esse pormenor a alguém é o tal do “Danadinha você, hein??!!”. Isso soa como se o fato de assistir a filmes pornôs fosse algo abjeto, anormal, inconcebível. Não deveria ser esse estardalhaço. Bem que poderia ser assim: eu vejo pornô. Ponto. De fato, soa tão inacreditável que nem a indústria pornográfica acredita. Comportam-se idiotamente ao voltarem o foco das produções pornográficas ao público masculino e ignoram peremptoriamente as mulheres. Logo elas que são um público tão fiel a esse tipo de demanda. Conheci muitas mulheres que, no recôndito de quatro paredes, me confessaram adorar filmes pornôs. Posso estar dando aqui a pista para a [re]descoberta da pólvora. Posso até mesmo dar dicas de como os profissionais da indústria pornô devam gravar os filmes tendo como alvo principal as mulheres. Para ser bem sincero, acho que os filmes pornôs de hoje são um lixo. Não possuem um contexto, não tem um enredo certo. Mal começa o filme e já se vê uma boa suruba ou então os atores já nus, contracenando falas curtas e pessimamente interpretadas. Cá entre nós, eu tenho ideias absurdas sobre como gravar filmes pornôs voltados a mulheres. Penso que o enredo do filme talvez dê mais tesão que o próprio ato sexual. Enquanto estiverem ganhando rios de dinheiro, não mudarão a forma de ver esse segmento bilionário. Como eu não tenho dinheiro para investir nessa área [uma pena], cabe-me apenas me voluntariar para ser uma espécie de consultor das produções pornográficas voltadas a mulheres. E eu não faria feio não.

Tenho contos escritos bem mais quentes que os contos que posto aqui, mas por uma razão lógica, não os posto. Não é o perfil do blog. Aqui falo do sexo sim, mas tendo como pano de fundo o amor. Falar de sexo pura e simplesmente é muito mais fácil.

Bem, voltemos ao tema central do post, porque divaguei muito. Os filmes de hoje são voltados apenas ao público masculino. E provo isso. É só vermos as descrições dos vídeos pornôs na internet para que você me dê razão. Via de regra são assim: “Mulheres safadas na sua região.”; “Esposa foi traída e quer se vingar.”; “Mães solteiras precisam de pau.”; “Sua esposa nunca vai saber.” É tanta frase com viés machista que as mulheres devem se sentir ainda mais “coisificadas” do que se sentem. É verdade!! A mulher é representada nos odiosos filminhos de putaria produzidos em estúdio dessa forma. Vendem a ideia de que a mulher se importa mais em dar prazer do que em sentir. Muitas vezes, violentada,  subjugada. A mulher gostosa e irritantemente passiva. A vadia insaciável e que sacia todas as fantasias do espectador. Vendem a  mulher sempre como um produto, um objeto que proporciona prazer, antes de um sujeito que sente prazer.

Além disso, nunca vi – se existe, me corrija – um anúncio direcionado ao público feminino, tipo “homens solteiros na sua região” ou “pais solteiros precisam de boceta.” Esses anúncios simplesmente não existem, por que se parte do pressuposto de que as mulheres não estão interessadas.

Para vender um produto a um público é necessário conhecê-lo antes. Fica a dica a algum produtor de filmes pornôs que se interesse em multiplicar seus lucros: invistam em pornô voltado a mulheres. Caso queiram uma humilde colaboração, estou à disposição {hehe].



Beijo quente!
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Apollo

Mulher de calcinha em casa

Tem coisa mais linda do que mulher ficar só de calcinha em casa? Sinceramente eu acho que pode até existir coisas mais lindas que isso, mas esse número de coisas pode ser contado nos dedos de apenas uma das mãos [e sobra dedo]. Fico me perguntando se elas gostam de ficar de calcinha apenas para mero conforto delas ou para nos provocar mesmo. Nem penso em chegar a essa conclusão porque seja qual for o resultado, o mais importante para mim é vê-la de calcinha. Mas se querem um pitaco meu, acho que a segunda alternativa é mais que rotineira.

É uma espécie de mensagem subliminar dizendo: veja, eu tenho tudo isso que você está vendo e está a poucos metros apenas de você. Daí minha paz se vai embora, meus pensamentos se canalizam nesse pormenor e passo a imaginar nós dois conectados pelo prazer e pelo sentimento que nos une.

Outro dia, no trabalho, fiquei imaginando você de calcinha passeando sua bunda redonda, morena e volumosa pela nossa casa. Mais precisamente aquela calcinha preta [será que aquilo é calcinha mesmo, ou apenas metade de uma?]

Seja como for, me perco nessa cena. Já cheguei a pensar que isso fosse uma espécie de doença, um fetiche mais que exagerado. E se for? Nesse caso devo apenas dar vazão a esse instinto masculino que me lança em situações tais que me levaram a criar esse blog. E desfrutar do ato de tirar sua calcinha e estocar-lhe à exaustão...

Beijo quente!
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Apollo


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Cora Coralina

Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

Cora Coralina 



quarta-feira, 2 de abril de 2014

Atmosfera

Hoje eu serei o dono da noite. Vinho chileno, velas decorativas brancas ao pé da cama, uma maçã para simbolizar a paixão, perfume amadeirado no ar, comida leve no prato, talvez um risoto, talvez uma massa.

Banho de espuma, sais de banho, quem sabe. Toalhas limpas e perfumadas. Lingerie vermelha... pequena e audaciosa.

Eu e a penumbra de nosso quarto a esperamos. A chama das velas desenharão imagens confusas e incompreensíveis nas paredes. A atmosfera está pronta. Agora só falta você chegar e tingir todo esse cenário com as cores sutis de sua pele acetinada, de seus olhos faiscantes.

- Olá!

Eu nada respondo. Apenas toco-lhe o quadril e aperto com força.

- Mas o jantar está na mesa... balbuciou ela.

Não haveria mais tempo para outra coisa. O jantar esfriaria ali mesmo... na mesa.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Ao telefone...

- ... Problemas são feitos para serem resolvidos, não?

- É verdade. Muito embora demandem tempo.  Eu acho que existem problemas que colocam em xeque toda nossa estrutura construída em anos e anos. - Disse Eduardo, sentado à beira de sua cama, numa manhã de um preguiçoso domingo.

- A experiência é um farol que ilumina para trás. Tudo que é construído vale muito pouco quando se trata de futuro. Nadar, morrer na praia e mais um monte de frase pronta. Disse Antonieta, sorrindo.

O rapaz, que havia chegado tarde da rua, sonolento, mas ainda assim alimentava com interesse aquela conversa com sua potencial cliente. Ele fora procurado por Antonieta dias antes pelo seu blog de divulgação profissional, onde aquela manifestava interesse em conhecê-lo. Eduardo respondeu-lhe:

- Frases prontas que eu não conhecia e são boas para reflexão. Mas não falemos de problemas, pois não devem ser citados quando se está com uma mulher e a ela deve ser dada toda a atenção do mundo.

Antonieta se sentiu especial, como há um bom tempo não se sentia. Ela deu um sorriso morto no telefone e se perguntou se aquilo tudo era real. Estaria ela se envolvendo com um homem que lhe inspirava apenas tesão ou muito mais que isso?

Eduardo tinha toda a paciência do mundo em envolver uma mulher e trazê-la para a atmosfera a ele submetida, onde ele determinava qual era o momento de atacar, de defender, de dominar e de fazer explodir em desejo. A conversa seguia afável, mas parecia haver um tabuleiro de xadrez diante dos dois, onde cada palavra a ser dita era como a jogada que determinaria o xeque-mate. Eduardo sabia que alguns tipos de mulheres, antes de sair com um garoto de programa, precisam se envolver de alguma forma e interagir com o profissional do sexo. Isso lhes dá mais segurança e cria um laço, mesmo que tênue, onde se torna possível uma entrega parcial. Esse tipo de mulher não se entrega sem um contato inicial, mesmo que fosse por telefone ou pela tela impessoal de um computador. E era exatamente esse perfil feminino que atraía Eduardo. Ele investia mais energia e capacidade de persuasão quando se deparava com essas mulheres. Até existe uma explicação lógica: trabalho feito com prazer é diversão.

- Acho que os homens lidam muito melhor com os problemas. Disse Antonieta.

- Pode até ser, mas alguns homens são muito confusos para resolver um problema também. Só não assumem isso.

- Que nada, moço. Homem é mais resolvido. Com ele é 8 ou 80.

- Você conhece dos homens só aquilo que eles externam por gestos, palavras ou atitudes. Entretanto, seus pensamentos escondem abismos enormes.

- Nossa! Estou surpresa com esta revelação.

Eduardo sorriu do outro lado da linha.

- Mas as mulheres sempre souberam disso...

Aquela interessante mulher, com pouco mais de 35 anos, era neta de um importante político gaúcho que fez carreira no Rio de Janeiro. Herdeira de uma fortuna incalculável, havia sido testemunha do glamour da alta sociedade gaúcha, mas hoje, após ver morrer seu noivo a quem dedicara boa parte da vida, num grave acidente automobilístico, vivia pelos cantos, chorosa, sentindo falta daquela alma tão parecida com a sua. Depois que conheceu Eduardo, percebeu que almas generosas são mais frequentes que pensava. Mas mesmo as generosas têm seus momentos de solidão, trevas e dúvidas.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Antero de Quental - Oceano

Junto do mar, que erguia gravemente
À trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o voo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?
Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...


Antero de Quental

segunda-feira, 24 de março de 2014

Carlos Drummond de Andrade - Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

domingo, 23 de março de 2014

No caminho da montanha

Certa vez, durante o início da ascensão da pedra da mina, um pico localizado na divisa entre os estados brasileiros de Minas Gerais e São Paulo, encontrei um casal de jovens que fotografavam a montanha à distância. Conversavam alegremente e comentavam a sensação experimentada como se estivessem no cume daquele deslumbrante pico. Quando me viram com a mochila nas costas e caminhando determinado rumo ao pico, me disseram em tom irônico:

- Por que você vai caminhar até lá em cima se você pode se maravilhar e se contentar com a visão do pico daqui mesmo? Não é preciso se cansar para ter o mesmo prazer que estamos tendo agora. Você vai passar fome e sede, sem contar o imenso cansaço que irá lhe consumir o corpo.

O casal aparentava ter entre 20 e 25 anos. Suas roupas estavam limpas e perfumadas, e suas frontes, secas e isentas de suor. A palma da mão do rapaz era lisa e fina como papel de seda. Parei a caminhada, olhei profundamente nos olhos deles e disse:

- A visão lá de cima, por certo, é mais bela que essa que temos daqui. No entanto, o mais importante é exatamente o cansaço, a fome, a sede e as dores no corpo.

- Por quê? - perguntou-me a moça, que mudou seu semblante alegre para outro mais atento.

- Porque a felicidade está justamente em sofrer para poder vencer. A felicidade não se percebe de longe, mas só quando estamos dentro dela, embora não possamos vê-la, assim como não vemos uma nuvem se estivermos mergulhados nela. O cume não é o fim, é o meio. O fim é o caminho cansativo e tortuoso que nos mostra milhares de nunces que uma câmera fotográfica nunca terá condições de mostrar.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Eduardo visita o Rio de Janeiro

Eduardo permaneceu sem atender clientes por uma semana. Precisava ordenar os pensamentos, trabalhar como uma pessoa normal, dormir noites inteiras, sentir a paz de suas caminhadas pelo campo. E conseguiu. Já se via um homem bem mais disposto. 

Ele nutria a ideia falsa de que sua segunda atividade profissional lhe trazia todos os problemas que ele tinha de resolver, mas os problemas que mais o afligiam vinham de dentro dele mesmo. Talvez sua escolha em vender companhia, afeto, atenção, fosse realmente uma forma de esgotar o vazio existencial que suas clientes experimentavam e trazer esse vazio sobre suas próprias costas, um fardo a mais para carregar pelo resto de sua vida. Quem sabe, assim como suas clientes, algum dia ele também pudesse se livrar daquela imensa carga emocional. Mas no fim das contas, ele sabia que desempenhava um papel importante. Conviver com sentimentos alheios lhe trazia uma medida mais sensata sobre a razão pela qual os humanos vivem tantas incongruências em suas vidas afetivas.

Finalmente, numa sexta-feira bem cedo, Eduardo tomava o rumo da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Uma mulher muito sentimental esperava por ele. Cátia era uma carioca bem parecida com as outras cariocas para quem a visse correr, todas as manhãs, no calçadão de Ipanema. Pele morena, cabelos castanhos escuros, corpo bem delineado apesar de seus 40 anos de idade. Nunca se casou. Desde menina, vivenciara os desencontros de seus pais, a amargura de sua mãe que, vinda do interior, sempre depositara esperanças num marido que, apesar de atencioso, gostava da boemia. Ela assimilou, com isso, a ideia de que os homens eram "malandros dedicados a enxugar todos os prazeres que as noites nos bares da Lapa pudessem oferecer", como ela mesma diz. Para Cátia, o casamento é o ápice de uma relação que se inicia a toda velocidade, mas termina se arrastando no acostamento, lenta, doente. Percebia os sentimentos dentro de si, como verdadeiras torrentes que jorravam do coração, mas não tinham onde desaguar. Ela sempre ouvira dizer que isso era coisa de "gente quadrada", mas não conseguia ser como as outras mulheres. Mal sabia ela que muitas mulheres procuram ocultar dentro de si os sentimentos por uma questão de sobrevivência e aceitação no meio social.

Assim, Cátia conheceu alguns garotos de programa. Saiu com três deles. Uma perda de tempo! Os rapazes eram bons demais na cama, mas ela não podia conversar assuntos mais sutis com eles, pois eles não entendiam nada que fugisse de riqueza material, do fruto insaciável do capitalismo. Ela procurava algo mais que sexo. Procurava companhia, uma risada sincera, um parceiro para caminhada. Preferiu varrer as salas de bate-papo, o facebook, mas sem intenção de estar com alguém fisicamente. Foi por estas idas e vindas na internet que conheceu Eduardo. Ele não se apresentou como um acompanhante executivo, pois se conheceram pelo facebook. Eduardo tinha vários perfis, que, com a devida triagem, traria ou não a mulher para seu perfil oficial em que se apresentava como profissional em relacionamentos.

Conversaram por várias madrugadas até Eduardo lhe contar o que fazia para ganhar a vida. A moça, já calejada em ouvir histórias de tragédia e de sofrimento pela internet, se fez de cética e pediu o perfil do rapaz. Ele deu. Ela decidiu se jogar mais uma vez daquele encantador despenhadeiro cheio de espinhos, mas também de sândalo, porque parecia ver algo mais que sexo naquele homem diferente.

Saíram num fim de outubro qualquer. Cátia viu em Eduardo um marido perfeito. Ele disse-lhe que, apesar de ele acreditar que ela via nele um marido perfeito, ele desempenhava o papel de um ator durante os encontros. Sempre atencioso, educado, inteligente, conhecedor de arte e de lugares inesquecíveis, potente na cama. Perfect! Mas o michê a alertava que ela não atravessasse a linha que ambos desenharam no chão com um giz. O limite entre a fantasia e a realidade seria transposto com lágrimas e sofrimento. Não valia a pena. Ele já tinha perdido no amor, e não queria mais carregar a angústia de ter de se dar a uma mulher sem mesmo saber mais quem ele mesmo era. Estava na vida apenas para se redimir das culpas pretéritas e para tentar oferecer às "suas" mulheres, o que ele imaginava ser um amor perfeito.

À medida que ele descia a serra das araras, o cheiro de sal entrava sutil e furtivamente pelo vidro parcialmente fechado do carro e o clima esquentava anunciando a proximidade da cidade maravilhosa. Ele chegou à zona sul, se instalou no Ipanema Plaza, almoçou e resolveu passear pelas areias da praia depois de atravessar a movimentada Vieira Souto. Há alguns anos ele se despedia para sempre de um grande amor naquelas mesmas areias. Ele pensou nisso e um rasgo de tristeza passeou pelos seus olhos frios.

Ele estaria com Cátia naquela noite. Ansioso por se ver naqueles olhos brilhantes da mulher com quem passaria  noite, mas receoso por estar de novo naquela cidade que tanto lhe deu, mas tanto lhe cobrou.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Se te amo...


Não me inquiras se te amo! Deixes que meus gestos, minhas atitudes, e até minhas palavras te permitam ter mais certeza do que sinto, ao invés de lhe responder à tua pergunta. Deixe que os momentos que passamos juntos digam por si sós mais do que um simples “sim”. Pois quem ama, meu amor, não demonstra seu amor tão somente ao ser interrogado, mas a todo o momento que está com a pessoa amada.

Mas se te apraz ouvir um “Amo sim, meu amor” toda vez que me perguntas, então que continues a me inquirir; pois a minha resposta é tão somente uma das formas de te mostrar o quanto gosto de ti, de teu amor.

Beijo quente. 

Apollo

sábado, 15 de março de 2014

Philip Dormer Stanhope - Frases célebres

"Até certo ponto, todo homem torna-se o que as pessoas com quem ele conversa normalmente são."


Philip Dormer Stanhope

segunda-feira, 10 de março de 2014

Conceituando...(6)


Impura, sinônimo de excesso, retrato do abuso desenfreado. Dizem que é o desejo incontrolável pelo sexo a ponto de abusar da moralidade.

Desejo incontrolável?  Hummmmmm

Beijo...


Apollo

domingo, 9 de março de 2014

Dia internacional da mulher


Um rosto, um olhar feminino, uma alma sempre pronta a aprender. A ela foi dada a graça de gerar vidas em seu ventre. A cada semana do mês, ela se transforma e renasce ao fim de um ciclo lunar. Sua força e energia brota dos olhos; e de frágil, esse sexo não tem nada. Sou um eterno admirador de sua magia, mulher, pois em teu colo repousei minha fronte pela primeira vez e em tuas mãos entrego minha alma pequena e carente de seu amor por todos meus eternos dias.


Parabéns a todas as mulheres desse imenso planeta.

Esse dia é para sempre junto a tuas potencialidades. Parabéns!!

Apollo

quinta-feira, 6 de março de 2014

O prazer proibido #2

Mariana estava se acostumando com a ideia de ter dois vizinhos que mexiam com seus desejos femininos. Mantinha sua rotina normal, cuidava de seus afazeres domésticos, criava sua filha de 7 anos. Os jovens vizinhos de Mariana estavam se adaptando à vida na cidade. Criados na roça, eram filhos de um lavrador e de uma cozinheira, os quais lutaram a vida toda, mas recebiam um salário mínimo de aposentadoria. A vida sofrida era rotina para os pais de Giovani e Jorge. Dois anos antes, perderam uma filha para a leucemia e decidiram mudar-se para a cidade porque a pequena choupana na zona rural daquela mesma cidade trazia amargas lembranças ao casal de idosos.

Certa noite, quando Mariana e seu marido chegavam em casa, foram cumprimentados pelo casal de idosos, que disseram em tom cordial:

- Somos seus novos vizinhos, se precisarem de alguma coisa estamos à disposição.

Como resposta, Mariana e o marido sorriram e iniciaram pequena conversa com os novos vizinhos. Já em casa, comentaram entre si acerca da simpatia do casal de idodos. Aquela noite transcorreu tranquila. As coisas pareciam voltar ao lugar de novo.

Alguns dias depois, Mariana foi chamada às pressas. O Sr. Prudente, seu novo vizinho estava passando mal e precisava ser levado às pressas ao hospital. Como ele não tinha carro, Dona Maria foi pedir a Mariana que a atendeu imediatamente. Já no hospital, o Sr. Prudente já havia sido atendido, mas ficaria em observação por umas horas. Dona Maria pediu que Mariana avisasse a Jorge que trouxesse uma blusa para ela no hospital, porque a temperatura caía com a chegada da noite. Mariana disse que assim faria e acrescentou que traria o casaco para ela, porque o hospital era longe.

Mariana bateu a porta da casa de Dona Maria. Depois de 2 batidas, Jorge atendeu. Mariana, que tentara inutilmente se preparar para conter qualquer indício de tesão fora de hora, olhou o rapaz naturalmente e deu o recado. O rapaz convidou-a a entrar, e sem saber porquê, aceitou o convite e entrou na sala. Enquanto o rapaz foi buscar o casaco de sua mãe, Mariana começou a ouvir um barulho de respiração vindo do quarto. Como ela ainda não ouvira o barulho dos passos de Jorge se aproximando e assim denunciando seu retorno, a curiosidade da moça falou mais alto e ela esgueirou-se até a porta do quarto que estava entreaberta e viu Giovani dormindo na cama, só de cueca. O membro do rapaz, mesmo flácido, era grande e ocupava toda a frente da cueca. Ela arregalou os olhos e ficou observando extasiada. Nem se deu conta de que Jorge retornara à sala e lhe vira em plena espionagem.

- Você gosta do que tá vendo? Murmurou Jorge, sensualmente.

Mariana deu um pulo de susto e bateu o braço na porta do quarto acordando Giovani. De repente ela se viu diante dos dois rapazes, um deles vestia apenas uma cueca e Jorge havia vindo do quarto sem camiseta, só de shorts. Mariana começou a gaguejar, visivelmente trêmula, enquanto Giovani, o mais tímido tentava acalmá-la. Jorge, o mais malicioso, notava o que acontecia com Mariana e sorria satisfeito. Mariana estava no meio dos dois rapazes e foi tentar sair dali, mas quando fez o movimento, seu grande e firme bumbum tocou na cueca de Giovani. Ela sentiu o membro do rapaz que já não estava tão mole assim. Neste momento, Mariana já tinha perdido totalmente o controle emocional, mas o nervosismo passava a ser sua maior defesa. Para se afastar da cintura de Giovani, Mariana voltou-se de frente para ele, mas daí tocou a bunda no pênis de Jorge que já estava duro feito pedra e a pegou por trás dissimulando uma tentativa de acalmá-la. Ela sentiu aquele enorme membro roçando sua bunda e não resistiu ao dar um gemido. Aquela luta era injusta. Sua vagina derramava litros de prazer e ensopava toda sua calcinha. Curioso, Giovani lhe perguntou:

- O que está acontecendo Dona Mariana? Meu pai está bem no hospital?

- Papai está ótimo, mano – disse Jorge – quem não está muito bem é a Dona Mariana.

- Eu preciso ir embora – disse Mariana, com certa dificuldade.

- Mas ainda não encontrei o casaco de minha mãe. – respondeu Jorge.

- Então o encontre logo. – falou Mariana, aflita.

Enquanto Jorge sumia pela penumbra da sala, Mariana sentou-se no sofá e olhou Giovani que a observava ainda meio confuso com as recentes ações dela. Ambos trocaram um longo olhar e Jorge chegou finalmente trazendo o casaco. Ela foi levantar-se e se viu entre os dois de novo, muito próximos a ela. Deu um suspiro fundo, e tomou o caminho da porta, mas no caminho deixou sua mão propositalmente tocar o pênis de Giovani que entendeu a intenção da mulher.

Ela foi dirigindo seu carro sentido ao hospital e pensando que o próximo encontro entre eles poderia acontecer algo que ela se culparia pelo resto da vida, mas que lembraria com muito tesão também pelo resto da vida. Ela estava cansada de lutar contra uma força que era muito maior que ela. Nem que fosse apenas uma vez, ela iria se ver de frente com a verdadeira Mariana. Chegando no hospital, até achou engraçado que depois daquele momento extremamente excitante em que ela não teve coragem de externar todo sua feminilidade sexual reprimida, tivesse começado a pensar em ter essa coragem numa situação futura.

[continua]


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Karen: uma profissional diferente

Ela parou o carro diante de sua casa. Acionou o controle remoto do portão e ele abriu lentamente. A chuva batia com força na vidraça da enorme janela da sala de jantar. Aquela casa grande e confortável era só dela. Um certo vazio lhe tomava os pensamentos, mas ela estava certa de que havia feito a coisa correta. Seu casamento era uma mentira. Quando estava grávida desconfiou, por motivos fortes, que seu marido trabalhava com coisas ilegais. Todo aquele conforto oferecido a ela poderia ter sido construído com sangue alheio. No entanto, Karen sabia que era preciso sustentar seu único filho e ela tinha que lutar contra a correnteza que sobressaltava os primeiros dias depois do fim de seu casamento. Era preciso continuar casada com ele mesmo tendo essa triste desconfiança.

Acontece que Karen tinha um dom muito especial que aprendera com os anos. Ela sempre se interessou por isso e mesmo inconscientemente, sabia que isso era fonte de inesgotável prazer para ela mesma e para seu parceiro. Karen fazia sexo oral muito bem. Sempre gostou disso e quando era virgem, fantasiava fazer sexo oral em pênis imaginários de diversos tamanhos e formas diferentes. Ela trazia consigo a impressão que nascera sabendo fazer tudo aquilo. 

Quando passou a namorar Otávio fazia sexo oral nele e arrancava inúmeros elogios do amor de sua vida. Ela tinha uma certa fixação por pênis. Quando estava sozinha se pegava pensando nisso e, quando era mais jovem, sentia uma certa culpa em ser assim, mas isso logo passou porque ela experimentava estrondoso prazer em possuir uma pica dentro da boca, envolta em suas pequenas mãos ágeis e habilidosas. Era quase impossível para Otávio segurar a ejaculação. Por muitas vezes ele liberava o precioso líquido todo dentro da boca de sua namorada.

Passou-se o tempo. Casaram-se. Quando iam transar, Karen passou a perceber que o pênis de seu marido se mostrava visivelmente mais grosso e mais comprido. Não sabia explicar esse curioso fenômeno, mas não tinha dúvidas de que era verdade, de que não era fantasia de sua cabeça.

Otávio proporcionava uma vida muito confortável a Karen e ao filho de ambos, Mateus, que era a alegria do casamento e o pilar de sustentação da casa. Karen não sabia ao certo qual era a natureza da atividade profissional do marido, apesar das desconfianças, pois ele sempre viajava a negócios e por vezes chegava a passar mais de uma semana a trabalho. Enquanto isso, Karen sentia vontades de ter os orgasmos tão fortes que seu homem lhe proporcionava, mas nunca lhe passou pela cabeça a ideia de traí-lo.

Um dia, porém, recebeu um telefonema de um tal delegado de polícia que lhe disse que seu marido estava preso no estado de Goiás. Ela foi pêga de surpresa e ficou atônita com a notícia inesperada. Viajou até onde o marido estava encarcerado, e em demorada conversa com ele, ficou sabendo que ele era chefe de uma quadrilha de roubo de gados. De repente todas as peças daquele incompreensível tabuleiro se encaixavam. As viagens dele, o farto dinheiro que jorrava, os gastos excessivos que Karen fazia em boutiques caríssimas e que Otávio nem se dava conta, ou se dava, não dava atenção maior para o fato.

Canalha! - pensou ela. Otávio seria condenado dali a dois meses a 8 anos de cadeia. O que ela faria da vida? Como seria manter aquela enorme casa e seu filho? Ela própria já estava acostumada com uma vida fútil e cheia de mimos, de confortos. Os pensamentos da jovem moça de 28 anos fervilhavam em sua cabeça. O desespero estava a poucos quilômetros de sua rua.

Karen sentia forte tesão em imaginar ser possuída por seu marido. Mas logo vinha a raiva em seus pensamentos, por ter sido enganada todo aquele tempo, e imediatamente passava a fantasiar ser possuída por outro. Passou a sentir prazer nisso e ficava toda molhada só de pensar. Ela tinha alguns objetos eróticos num baú trancado à chave no quarto e por isso resolveu abri-lo, numa certa tarde. Retirou um enorme pênis de borracha lá de dentro e passou a admirá-lo. Da admiração sucedeu aos movimentos lentos, lambidas na glande e pouco depois as fortes sucções e movimentos tão peculiares que só ela sabia fazer. De repente sentiu sua calcinha ensopada e resolver ser possuída por aquele enorme objeto. E assim foi. Extenuada depois do orgasmo, deixou seu corpo esbelto e atraente cair sobre a cama e ficou ali estirada por vários e vários minutos. De repente ela teve uma ideia: e se eu oferecesse um tratamento a homens com o objetivo de aumentar-lhes o pênis? Afinal de contas, o pênis de seu marido havia chegado a um tamanho visivelmente maior, e a cabeça tornara-se monstruosa a ponto de ela ser obrigada a abrir a boca com toda sua capacidade para envolver o membro do ex-marido em sua totalidade.

Ideia na cabeça, necessidade de se manter financeiramente ao lado dessa ideia. Como faria? Teria coragem? Ela estava confusa, mas decidida. Faria sexo oral por dinheiro. Apenas sexo oral. Sem penetração e sem retirar suas roupas. Isso daria certo?

[continua]

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Breve hiato nas atividades de Eduardo

A viagem a Brasília transcorreu sem anormalidades. Eduardo e Sofia tiveram alguns dias de muita volúpia e prazer e um companheirismo que não se vê num encontro entre cliente e michê. O rapaz voltou à sua cidade e pôs a vida a caminhar sobre os trilhos “como tem de ser”, pensava ele. Eduardo não era o tipo de amante de aluguel tão visto por aí. Os michês, cotidianamente, saem com homens. Um espectro bem grande de homens procuram prazer com outro homem. Contratam michês para darem vazão a desejos inconfessáveis a suas esposas e a seus filhos. Alguns casamentos aparentemente sólidos são conduzidos com atitudes secretas por parte do pai de família. A sociedade, muito conservadora em alguns aspectos, denigre a reputação de homens que têm prazer em praticar sexo com outro homem. Eduardo estava certo de que não atenderia a esse segmento de clientes, mas não guardava reservas contra homossexuais, apenas não se excitava com a situação de ter de transar com outro homem. Certa feita, em atendimento a uma mulher que sonhava ser possuída na frente do marido, Eduardo percebeu, durante o ato sexual, que o marido, “distraidamente” tocou seu pênis. Como Eduardo não demonstrou ter se importado com aquilo, mas por uma questão de ética profissional, o marido continuou sua empreitada até que foi impedido, com muito tato, por Eduardo. Aquilo não trazia prazer a ele e dali por diante ele jurara para si próprio que nunca atenderia clientes masculinos.

Eduardo tirara um dia todo de folga. Havia chegado de viagem as 9 da noite e dormiu pesadamente sem mesmo ter jantado. Acordou cedo, fez seu desjejum, com apetite e foi correr. Ele tinha por hábito fazer suas atividades físicas em uma estrada de terra batida que passava por detrás do bairro em que morava. Estava naquele lindo lugar novamente; peito arfante, passos largos, relativa paz habitando seu ser. Observava a paisagem bucólica de zona rural, os pastos de gado que margeavam a estradinha e sentia fortes saudades dos tempos idos em que corria por aqueles mesmos pastos despreocupadamente, atrás de seu cachorro vira-latas, protegido pela inocência da criança de 10 anos que ele era naquela época.

Ao chegar em casa, tomou um rápido banho e saiu de novo para ir às compras. Tanto a geladeira como a despensa estavam vazias. No almoço, preparou almôndegas recheadas ao molho. Comprou um vinho caro e pôs a mesa com requinte. Ele sempre teve alterações inopinadas em certas condutas. Tinha dias que ele esquentava o almoço do dia anterior, mas em outros dias gostava de almoçar como se estivesse num caro restaurante. Degustou vorazmente o almoço; sozinho como sempre.

À tarde, Eduardo se dedicou a organizar seu closed, que demandava urgentes cuidados na organização e a ouvir boa música. À noite, saiu com amigos. Foi a um movimentado bar de sua cidadezinha de interior. Um caipira que ganhava a vida vendendo amor a mulheres em crise sentimental estava ali; cercado de amigos que nem suspeitavam de onde vinha 80% da renda que o mantinha.

No outro dia trabalharia normalmente em seu emprego convencional. Incrivelmente não havia nenhum compromisso agendado com suas clientes, naquela semana. Ele disporia de alguns dias para ser o mesmo de outrora. Mas seria apenas uma apresentação teatral dele para ele mesmo assistir. Em seu íntimo, nunca mais seria o mesmo de outras épocas. As tragédias pessoais que testemunhara em seus encontros profissionais mudaram-no peremptoriamente. No entanto, era preciso continuar a mitigar os conflitos de suas clientes. Sentia-se orgulhoso por ter contribuído com que algumas de suas clientes voltassem a acreditar num amor que não se condicionava a trocar dinheiro por carinho. Esse é o caminho ideal – pensava ele. O amor não pode se deturpar em trocas financeiras, mas em alguns casos, é o caminho menos amargo para se acreditar que existem pessoas, mesmo em profissões que não inspiram nenhuma confiança, que se dedicam a ajudar clientes, a ouvi-las e fazer com que seu programa fosse, em muitos casos, apenas constituído de conversas sinceras, esclarecimentos que ele acreditava ser o caminho certo. Em muitas vezes, Eduardo se recusava a transar com a cliente mesmo correndo o risco de tê-la excluída de sua carteira de contatos profissionais, porque acreditava que o ato sexual seria mais danoso que o fato de ela acreditar que o amor nunca existiu de verdade. Sou um psicólogo diferente – pensava Eduardo. E de certa forma era. Talvez espalhar flores em pântanos que já foram bosques florescentes fosse a missão de Eduardo na Terra.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Criar igualdades

Assim, desde ontem a tarde, estava eu querendo aprender mais alguma coisa enquanto descansava em minha cama, preguiçosamente, o corpo moído pela preguiça dominical. Enquanto folheava Stendhal, deparei-me com essa frase:

"O amor cria as igualdades, mas não as procura."



Troquei em miúdos e decidi seguir o conselho.


Longa tarefa, penoso trabalho.

Beijo quente!!!
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Apollo


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Insights - Parte 14

Se o ato sexual surgisse da escolha consciente de executá-lo, seria, pois, fruto da vontade. No entanto, o sexo provém do instinto que trazemos conosco.


É uma das lições mais santas do Criador: possibilitar que o ser humano entenda como é possível harmonizar em nossa mente razão e instinto, sem sobrepor um e sem subjugar o outro. 

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Apollo

sábado, 8 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Estritamente...


Estritamente quando estou em tua companhia me pego a percorrer teu olhar numa fração de segundo e penetrar teus pensamentos subjacentes à inconsciência que te mantém com os olhos vidrados em minha cintura. Quando me aproximo, um doce ritual começa por si só...

Deitada a me olhar, tuas pernas cetinosas se abrem lentamente em um convite tácito a levar-te novamente às torrentes de prazer que se despregam de suas entranhas quando me tens.

Amo-te.

Beijo quente ! ! !

Apollo

Leonid S. Sukhorukov - Frases célebres


“Deus fez as mulheres belas. O diabo as fez espertas.”


Leonid S. Sukhorukov

Pensamentos conflitantes de um michê

Fazia apenas vinte minutos que Eduardo havia chegado em sua casa. Ao entrar pela porta percebeu que o ar lá de dentro cheirava a casa fechada. O ar apodrecia quando inalado. Também pudera, ele estava há duas semanas em viagem. Ele abriu todas as janelas e ligou o som da sala: Jacques Breu iniciava a emissão no ar das ondas melódicas de uma de suas canções antigas. Ele havia comprado um prato desses congelados de caixinha para aquecer no microondas; coisa prática para quem não tem tempo para nada. Havia ainda seu trabalho formal. Ele teria que ficar pelo menos uma semana sem se ausentar e sem ter que pedir para que colegas o substituíssem em suas funções profissionais.

Sem dúvida nenhuma a vida de Eduardo entrava num vórtice sem rumo, os acontecimentos se avolumavam, seus pensamentos dificilmente se focavam nos episódios mais urgentes. Eduardo decidira que no outro dia iria dedicar-se a um de seus hobbies para tentar se aproximar novamente do velho Eduardo que já deixava saudades. Era um estranho paradoxo: ele vivia uma situação financeira tranquila, comprara à vista seu apartamento, uma casa de campo e o carro que sempre sonhara. Em contrapartida, a natureza do seu trabalho exigia uma dedicação ferrenha, viagens, compromissos sociais, sexo com mulheres que não amava. Mas esse trabalho não seria uma atividade que todos os homens sonhariam em ter? Transar, passear, viajar, conhecer novos lugares, tudo isso não era o sonho de boa parte dos homens? Sim, tudo o que produz prazer atrai as vontades humanas, mas assim que se começa a trilhar o doce caminho do prazer, percebe-se que as consequências de se ter tanto oferecendo tão pouco são amargas e aspérrimas.

Eduardo precisava se concentrar, entender que, como toda profissão, a sua também tinha espinhos no caminho. Precisava entender que os problemas são ferramentas úteis para a evolução humana, assim como o mar bravio é fundamental para que o navegador tenha firmeza na condução do leme. Talvez sua missão fosse semear a esperança nos corações dilacerados por acontecimentos pretéritos. Ele entendia que acender paixões humanas era um caminho para esquecer que os corações não podem ficar empedernidos para sempre; é preciso se entregar ao amor, é preciso apostar mesmo que se perca.

O celular de Eduardo tocava insistentemente, enquanto Eduardo refletia olhando para o vazio enquanto um prato de massa recém-aquecida no microondas, voltava a esfriar diante do rapaz.

- Alô?

- Willian?

- Quem gostaria?

- Sofia, de Brasília.

Eduardo sorriu tristemente. Sofia havia sido marcada por uma tragédia familiar e encontrava em seus braços o bálsamo para suas aflições. Um marido morto em acidente, um filho perdido para a leucemia. A moça, ainda na flor da idade, era uma alma carente e frágil e talvez fosse dela um dos dardos que martelavam o coração do michê arrependido por acender esperanças sem ter a solução para tanto amor que se misturava ao interesse financeiro. Ela não conseguia recomeçar, estava sem direção definida, assim como a maioria das clientes. Buscava no sexo carinhoso uma imediata anestesia que durava poucos dias.

- Tudo bem, Sofia?

- Só se você vier logo...

- Quando?

- O mais breve. Sei que tens outras como eu.

- Preciso de uns dias. Volta a me ligar?

- Se é assim...

- Domingo estou em Brasília.

Eduardo pôde notar que a moça sorriu satisfeita.