Eu sei que não posso chamar isso de coisa abjeta, nojenta, ou
algo que se ligue à ideia de promiscuidade, permissividade exacerbada, nem nada
do tipo, mas, na época em que saíamos, ela me dizia que era isso tudo e mais
alguma coisa. Eu sei que é uma experiência diferente, algo que fascina os homens
desde sempre. Tenho essa certeza. Já ela dizia que é perversão, uma espécie de
fantasia masculina sem graça nenhuma, ou “sei lá que porra é essa”, dizia. No
início era apenas os vídeos do computador. Clicávamos nas categorias, e víamos
diversos vídeos do gênero. Algum comentário sempre rolava, mas sempre havia um
riso de minha parte como que querendo dizer que era só uma brincadeira, que
aquilo nunca iria acontecer realmente, que ela não levasse a sério. Cochichava
sacanagens no ouvido dela na hora do sexo e percebia que ela ficava bem
descontrolada e atingia o orgasmo com maior facilidade. Um dia acabei falando
sério. Laura saiu pela direita.
Nosso “lance” não andava muito bem das pernas
naqueles meses. Chamo de lance porque não era namoro, mas também não éramos o
que se chama popularmente de ficantes. Sei lá que nome cairia melhor para
definir nossa relação. Havíamos alcançado o ápice e de pouco em pouco a coisa
parecia degringolar. Laura continuava voraz no momento do prazer, mas logo
depois se virava e dormia pesadamente demonstrando pouca predisposição ao sexo
repetido. Entretanto minha ereção não mudou. Meu pênis continuava duro como um aço
quando a via pelada. Ainda metia impetuosamente e a via gozar repetidas vezes.
Mas, sinceramente aquela fantasia tomava conta de nós dois inconscientemente.
Eu já considerava pouco nossa atividade sexual, mas nosso sentimento tão bonito
e mágico nos fazia pensar formas de salvar a relação e sermos finalmente
namorados.
Os últimos dias que a fiz gozar mais violentamente foram
aqueles que antecederam o anal. Toda aquela expectativa que criei a fazia bufar.
Eu a pegava com força pela cintura, a subjugava, coisa que adoro. O anal mesmo,
adorei. Ela ficou tensa, mas só na primeira vez. E mesmo assim só nas primeiras
estocadas. Depois passou a dançar com o quadril da mesma forma majestosa que
rebolava quando era penetrada pela frente. Lembro que ela comentou algo sobre
usar o chuveirinho, mas no dia da primeira vez, isso nem passou pela cabeça
dela, embora ainda houvesse o medo de sujar tudo. Ela gostou, eu sei. Embora
tenha demorado certo tempo para admitir. Eu adorava aquela coisa extremamente
apertada, quente. Esse instinto deve ser mesmo milenar e até os homens das
cavernas deviam praticar o anal com suas mulheres. Ela me dizia que era uma
espécie de demarcação de território, apenas uma conquista, assim como fincar
uma bandeira no cume de uma montanha inexplorada.
A proposta que
lhe fiz, de forma séria e solene lhe pareceu absurda, pois apesar de
fantasiarmos outra mulher em nossa cama, ela nunca havia pensado seriamente em
dividir seu homem com ninguém, ainda mais com a amiga do seu homem. Quando disse
o nome de minha amiga ela assustou. Ficou séria uns dois minutos e sem
pronunciar palavra. Minha amiga é alta, rosto bonito, bumbum enorme e cintura
fina. Seios pequenos. Ela ficou pensativa e me perguntou se eu queria realmente
aquilo. Respondi-lhe que ela é quem queria ainda mais, mas não admitia nem para
ela mesma. Percebi enfim que ela achou tentadora a proposta vista por este lado
tão sexy e aceitou. Por mais que não desse importância, não saía da minha
cabeça a imagem das duas nuas, se masturbando e fazendo cara de tesão. Nunca
fui um pervertido sexual. Confesso. No entanto, penso que algumas regras que se
referem ao sexo podem ser muito subjetivas e aplicáveis apenas a casais que se
dispõem a experimentar coisas menos convencionais. Mas logo depois ela frisou
bem: não quero saber de praticar sexo a três tendo outro homem conosco.
Concordei com ela. Ela sorriu e transamos como há muito tempo não transávamos.
Combinamos o dia, e foi ela quem falou com minha amiga. Helen
era uma amiga de faculdade, discreta, era a CDF da turma. Gostava de
relacionamentos curtos e sem compromisso. Como era muito bonita, chamava a
atenção fácil e por isso não gostava de se apegar a ninguém. Eu nunca havia
transado com ela. Rolou apenas um beijo numa festa da faculdade, mas naquela
noite ela estava com um carinha do 1º ano e o beijo aconteceu quando ela foi ao
banheiro. Peguei no braço dela, e meio tontos, nos beijamos no corredor da
boate. Não rolou mais nada. Depois disso, Helen sempre me olhava com cara de
tarada, mas como eu namorava a Aline na época, ela sempre me respeitou.
Laura falou com Helen no escritório que esta trabalhava. Ela
estava nervosa, tremendo. Desceu do carro e entrou lá decidida. Falou com Helen
que tinha um trabalho para ela e que precisava acertar os detalhes durante um café.
Numa lanchonete em frente ao escritório, as duas conversaram por uns 10
minutos. Quando Laura voltou para o carro, olhou-me com os olhos arregalados e
me disse: vai ser sábado.
Confesso que tremi o corpo todo. Por mais que eu estivesse
ciente de que estávamos arquitetando aquilo tudo, parece que só naquele momento
me dei conta de que aquilo realmente ia acontecer e por isso talvez nem passou pela minha cabeça perguntar qual o argumento que ela tinha usado para convencer Helen tão rapidamente.
No dia combinado já havíamos brigado tanto que pensei em
desistir. Mas ela parou seu carro, antes do horário combinado, no portão da
minha casa e buzinou. Havia comprado uma calcinha ousada, vermelha. Linda!
Ficou um tesão vestida com ela. “Este não é o homem que eu conheci” – disse-me
ela. Sorri e levei como um elogio. Laura me deixou em sua casa e foi buscar
Helen. As duas chegaram quarenta minutos depois. Helen estava muito bonita,
usando todos os artifícios de sedução disponíveis no mercado. Bateu um tesão
enorme em nós três. Era visível, tão evidente quanto a tentativa de Laura nos
deixar à vontade, por isso eu quem as deixou à vontade, pois fui ao banheiro enquanto elas bebericavam procurando esconder a tensão entre elas, mas depois de alguns minutos já se
laçavam em longos olhares.
Estava lá no espelho da sala a verdade: duas lindas mulheres se
olhando, se medindo e prevendo o que aconteceria naquele cômodo dentro em pouco.
Quando voltei do banheiro, Laura comentou com Helen:
- Ele tá achando que vai comer a gente assim, de
uma vez só. Coitado.
Eu devo ter feito uma cara danada de espanto, porque as duas
riram demais. Olhei sobre a mesa e vi já havia duas garrafas de champanhe
abertas; uma delas já estava vazia e a outra pouco acima da metade. Sentei no sofá e respondi-lhes como quem não
está dando muita atenção: “eu acho que vocês tem coisa mais interessante para
fazer entre vocês primeiro.”
Parece
que foi uma bandeirada de largada para a sacanagem. Ambas se olharam e trocaram
um violento beijo de língua. Foi uma cena muito excitante. Fiquei ali, sentado
no sofá, vendo aquelas duas gatas se pegando e se curtindo.
Minha hora
chegaria...