quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

2x1

Eu sei que não posso chamar isso de coisa abjeta, nojenta, ou algo que se ligue à ideia de promiscuidade, permissividade exacerbada, nem nada do tipo, mas, na época em que saíamos, ela me dizia que era isso tudo e mais alguma coisa. Eu sei que é uma experiência diferente, algo que fascina os homens desde sempre. Tenho essa certeza. Já ela dizia que é perversão, uma espécie de fantasia masculina sem graça nenhuma, ou “sei lá que porra é essa”, dizia. No início era apenas os vídeos do computador. Clicávamos nas categorias, e víamos diversos vídeos do gênero. Algum comentário sempre rolava, mas sempre havia um riso de minha parte como que querendo dizer que era só uma brincadeira, que aquilo nunca iria acontecer realmente, que ela não levasse a sério. Cochichava sacanagens no ouvido dela na hora do sexo e percebia que ela ficava bem descontrolada e atingia o orgasmo com maior facilidade. Um dia acabei falando sério.  Laura saiu pela direita.

Nosso “lance” não andava muito bem das pernas naqueles meses. Chamo de lance porque não era namoro, mas também não éramos o que se chama popularmente de ficantes. Sei lá que nome cairia melhor para definir nossa relação. Havíamos alcançado o ápice e de pouco em pouco a coisa parecia degringolar. Laura continuava voraz no momento do prazer, mas logo depois se virava e dormia pesadamente demonstrando pouca predisposição ao sexo repetido. Entretanto minha ereção não mudou. Meu pênis continuava duro como um aço quando a via pelada. Ainda metia impetuosamente e a via gozar repetidas vezes. Mas, sinceramente aquela fantasia tomava conta de nós dois inconscientemente. Eu já considerava pouco nossa atividade sexual, mas nosso sentimento tão bonito e mágico nos fazia pensar formas de salvar a relação e sermos finalmente namorados.

Os últimos dias que a fiz gozar mais violentamente foram aqueles que antecederam o anal. Toda aquela expectativa que criei a fazia bufar. Eu a pegava com força pela cintura, a subjugava, coisa que adoro. O anal mesmo, adorei. Ela ficou tensa, mas só na primeira vez. E mesmo assim só nas primeiras estocadas. Depois passou a dançar com o quadril da mesma forma majestosa que rebolava quando era penetrada pela frente. Lembro que ela comentou algo sobre usar o chuveirinho, mas no dia da primeira vez, isso nem passou pela cabeça dela, embora ainda houvesse o medo de sujar tudo. Ela gostou, eu sei. Embora tenha demorado certo tempo para admitir. Eu adorava aquela coisa extremamente apertada, quente. Esse instinto deve ser mesmo milenar e até os homens das cavernas deviam praticar o anal com suas mulheres. Ela me dizia que era uma espécie de demarcação de território, apenas uma conquista, assim como fincar uma bandeira no cume de uma montanha inexplorada.

A proposta que lhe fiz, de forma séria e solene lhe pareceu absurda, pois apesar de fantasiarmos outra mulher em nossa cama, ela nunca havia pensado seriamente em dividir seu homem com ninguém, ainda mais com a amiga do seu homem. Quando disse o nome de minha amiga ela assustou. Ficou séria uns dois minutos e sem pronunciar palavra. Minha amiga é alta, rosto bonito, bumbum enorme e cintura fina. Seios pequenos. Ela ficou pensativa e me perguntou se eu queria realmente aquilo. Respondi-lhe que ela é quem queria ainda mais, mas não admitia nem para ela mesma. Percebi enfim que ela achou tentadora a proposta vista por este lado tão sexy e aceitou. Por mais que não desse importância, não saía da minha cabeça a imagem das duas nuas, se masturbando e fazendo cara de tesão. Nunca fui um pervertido sexual. Confesso. No entanto, penso que algumas regras que se referem ao sexo podem ser muito subjetivas e aplicáveis apenas a casais que se dispõem a experimentar coisas menos convencionais. Mas logo depois ela frisou bem: não quero saber de praticar sexo a três tendo outro homem conosco. Concordei com ela. Ela sorriu e transamos como há muito tempo não transávamos.

Combinamos o dia, e foi ela quem falou com minha amiga. Helen era uma amiga de faculdade, discreta, era a CDF da turma. Gostava de relacionamentos curtos e sem compromisso. Como era muito bonita, chamava a atenção fácil e por isso não gostava de se apegar a ninguém. Eu nunca havia transado com ela. Rolou apenas um beijo numa festa da faculdade, mas naquela noite ela estava com um carinha do 1º ano e o beijo aconteceu quando ela foi ao banheiro. Peguei no braço dela, e meio tontos, nos beijamos no corredor da boate. Não rolou mais nada. Depois disso, Helen sempre me olhava com cara de tarada, mas como eu namorava a Aline na época, ela sempre me respeitou.

Laura falou com Helen no escritório que esta trabalhava. Ela estava nervosa, tremendo. Desceu do carro e entrou lá decidida. Falou com Helen que tinha um trabalho para ela e que precisava acertar os detalhes durante um café. Numa lanchonete em frente ao escritório, as duas conversaram por uns 10 minutos. Quando Laura voltou para o carro, olhou-me com os olhos arregalados e me disse: vai ser sábado.

Confesso que tremi o corpo todo. Por mais que eu estivesse ciente de que estávamos arquitetando aquilo tudo, parece que só naquele momento me dei conta de que aquilo realmente ia acontecer e por isso talvez nem passou pela minha cabeça perguntar qual o argumento que ela tinha usado para convencer Helen tão rapidamente.

No dia combinado já havíamos brigado tanto que pensei em desistir. Mas ela parou seu carro, antes do horário combinado, no portão da minha casa e buzinou. Havia comprado uma calcinha ousada, vermelha. Linda! Ficou um tesão vestida com ela. “Este não é o homem que eu conheci” – disse-me ela. Sorri e levei como um elogio. Laura me deixou em sua casa e foi buscar Helen. As duas chegaram quarenta minutos depois. Helen estava muito bonita, usando todos os artifícios de sedução disponíveis no mercado. Bateu um tesão enorme em nós três. Era visível, tão evidente quanto a tentativa de Laura nos deixar à vontade, por isso eu quem as deixou à vontade, pois fui ao banheiro enquanto elas bebericavam procurando esconder a tensão entre elas, mas depois de alguns minutos já se laçavam em longos olhares.

Estava lá no espelho da sala a verdade: duas lindas mulheres se olhando, se medindo e prevendo o que aconteceria naquele cômodo dentro em pouco.

Quando voltei do banheiro, Laura comentou com Helen:

- Ele tá achando que vai comer a gente assim, de uma vez só. Coitado.

Eu devo ter feito uma cara danada de espanto, porque as duas riram demais. Olhei sobre a mesa e vi já havia duas garrafas de champanhe abertas; uma delas já estava vazia e a outra pouco acima da metade. Sentei no sofá e respondi-lhes como quem não está dando muita atenção: “eu acho que vocês tem coisa mais interessante para fazer entre vocês primeiro.”

Parece que foi uma bandeirada de largada para a sacanagem. Ambas se olharam e trocaram um violento beijo de língua. Foi uma cena muito excitante. Fiquei ali, sentado no sofá, vendo aquelas duas gatas se pegando e se curtindo. 

Minha hora chegaria...

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