O
nome dela... Janice. Conheci-a quando fiz um curso no escritório de Poços de Caldas,
que fica não muito longe de onde moro. Ela fazia um estágio em Administração e
veio do interior de São Paulo para ficar duas semanas. Uma mulher muito
sorridente e de bem com a vida. Ficamos amigos logo de cara. Deve ser essas
coisas que acontecem uma vez na vida, coisa raríssima. De certa forma, Janice era um caso intrigante para mim e para os outros do escritório. Ela causava
vários comentários entre os colegas de trabalho apesar de ser uma mulher
simples. Conversava normal, assuntos triviais, dona de um corpo sem curvas
proeminentes, sem seios chamativos, pequenos até. Seus quadris eram largos
demais e não tinha uma cintura delineada. Apesar de ela ser um amor de pessoa, sua
forma de ser e agir não tinha nada de especial que cativasse os homens.
No
entanto, nós, homens, invariavelmente sempre corríamos atrás dela veladamente.
A mera companhia dela era algo muito especial. Parecíamos orbitar em sua volta
como satélites orbitando a Terra. Nenhum colega conseguiu se aproximar dela o
suficiente para descobrir qual era a magia que habitava por trás daqueles
grandes olhos amendoados. Renato [um colega de Belo Horizonte] desatava-lhe os
mais exacerbados elogios durante os intervalos de descanso do curso de
especialização. Mesmo com todos os atributos levarem a crer o contrário, ela demonstrava
ser uma mulher muito gostosa. Havia algum segredo? Qual?
Intrigado
com esse fenômeno passei a prestar ainda mais atenção em Janice para tentar
descobrir seus segredos. Não soube definir. O Pedro, que a conhecia do
escritório de São Paulo me disse num outro dia, textualmente: "Janice é o
centro das atenções lá na minha terra. Faz com que um homem se sinta um homem
de verdade, muito desejado. Ela emite vibrações sexuais. Nunca um cara se
sentiu tão desejado. Ouvi dizer que quem passa uma noite com ela, se apaixona
doentiamente." Fiquei
intrigado e chocado com tais palavras. Meu coração andava sozinho e desprezado
naquela época e Janice parecia um raio de luz penetrando em quarto sombrio.
Numa
noite, eu estava no bar do hotel pensando na vida, nos problemas. De repente eu
olho de lado e vejo aquele par de olhos me mirando. Convidei-a para um drink.
Topou. A conversa fora do ambiente de trabalho era ainda mais agradável.
Inteligente, ela conversava sobre vários assuntos com a desenvoltura de uma
mulher de 35 anos. Eu confesso que sentia um misto de bem-estar e uma excitação
diferente, mais calma. Quando o clima se tornou ainda mais descontraído [depois
do quinto sex on the bitch], não me contive e perguntei à própria Janice o que
a fazia brilhar entre os colegas. Ela deu um risinho e me disse:
"Olha,
tudo era diferente antes. Eu não me cuidava no aspecto auto-estima, e por isso
os homens não se sentiam atraídos por mim. Nas raras vezes que eu ia para a
cama com alguém, não sabia o que fazer. Então tive o privilégio de conhecer um
homem, com seus 40 anos, que me ensinou muitas coisas, me tratava como uma
deusa sensual, me permitiu aprender inúmeras coisas sobre o sexo. Durante nossa
transa, ele atuava como se eu fosse a mulher mais gostosa do mundo, e como
reflexo natural, apenas um olhar meu o deixava ensandecido de tesão. Ensinou-me
macetes sobre nossos corpos, tanto o meu quanto o dele; sensações, beleza,
pontos mais sensíveis, técnicas de sedução e então passei a admirar mais meu
corpo e, surpreendentemente, outras pessoas passaram a fazer o mesmo. Eu sabia
o que aquele homem conseguia me fazer sentir em termos de auto-estima, ao invés
de me fazer sentir constrangida por meus defeitos. Assimilei, com seus
ensinamentos, sobre a enorme beleza e força sensual que habita o corpo de um
homem. Parecia que eles podiam sentir meus pensamentos sensuais e gostariam de
fazer parte deles. Eu e ele perdemos o contato, mas o que aprendi com ele nunca
mais se perdeu de minha memória.”
Fiquei
surpreendido com a confissão. Ela logo me disse:
-
Esse seu espanto é sério mesmo?
-
Sim... não...
Ela
sorriu sorrateiramente. Sabia como encabular um homem. Eu me sentia um garoto
perto dela, apesar de eu ter estado com várias outras mulheres em situação
análoga.
Isso
parecia lógico, mas simples demais. Para ser gostosa, tudo que se tinha de
fazer era sentir-se gostosa? Para se tornar uma grande amante, bastava
acreditar que já o era? E a técnica? E o corpo de modelo? E quanto a conhecer
os truques sexuais mais excitantes? E a vasta prática de homens sexualmente
experientes? 0 apelo sexual estaria mesmo apenas na cabeça?
Ela
disse-me que, certo dia, depois de tornar-se a Janice “sedutora”, quando
caminhava pela rua, silenciosamente entregou-se a suas fantasias preferidas.
Imaginou que aquele vizinho maravilhoso estava fazendo amor com ela de uma
forma selvagem e abandonada. Disse que podia "sentir" seu hálito
quente e suas carícias ardentes, enquanto ele sussurrava palavras apaixonadas
em seu ouvido e dizia-lhe o quanto era bonita e gostosa, e o quanto o deixava
excitado.
Apenas
levemente consciente dos homens reais que passavam por ela na rua, finalmente
percebeu que muitos deles sorriam para ela, piscavam ou no mínimo a olhavam com
interesse. Parecia que ela exibia um sorriso secreto e provocante que aqueles
homens achavam atraente.
E assim foi se tornando
mais sofisticada em suas experimentações.
[continua]