sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Janice: mulher ou demônio?

O nome dela... Janice. Conheci-a quando fiz um curso no escritório de Poços de Caldas, que fica não muito longe de onde moro. Ela fazia um estágio em Administração e veio do interior de São Paulo para ficar duas semanas. Uma mulher muito sorridente e de bem com a vida. Ficamos amigos logo de cara. Deve ser essas coisas que acontecem uma vez na vida, coisa raríssima. De certa forma, Janice era um caso intrigante para mim e para os outros do escritório. Ela causava vários comentários entre os colegas de trabalho apesar de ser uma mulher simples. Conversava normal, assuntos triviais, dona de um corpo sem curvas proeminentes, sem seios chamativos, pequenos até. Seus quadris eram largos demais e não tinha uma cintura delineada. Apesar de ela ser um amor de pessoa, sua forma de ser e agir não tinha nada de especial que cativasse os homens.

No entanto, nós, homens, invariavelmente sempre corríamos atrás dela veladamente. A mera companhia dela era algo muito especial. Parecíamos orbitar em sua volta como satélites orbitando a Terra. Nenhum colega conseguiu se aproximar dela o suficiente para descobrir qual era a magia que habitava por trás daqueles grandes olhos amendoados. Renato [um colega de Belo Horizonte] desatava-lhe os mais exacerbados elogios durante os intervalos de descanso do curso de especialização. Mesmo com todos os atributos levarem a crer o contrário, ela demonstrava ser uma mulher muito gostosa. Havia algum segredo? Qual?

Intrigado com esse fenômeno passei a prestar ainda mais atenção em Janice para tentar descobrir seus segredos. Não soube definir. O Pedro, que a conhecia do escritório de São Paulo me disse num outro dia, textualmente: "Janice é o centro das atenções lá na minha terra. Faz com que um homem se sinta um homem de verdade, muito desejado. Ela emite vibrações sexuais. Nunca um cara se sentiu tão desejado. Ouvi dizer que quem passa uma noite com ela, se apaixona doentiamente." Fiquei intrigado e chocado com tais palavras. Meu coração andava sozinho e desprezado naquela época e Janice parecia um raio de luz penetrando em quarto sombrio.

Numa noite, eu estava no bar do hotel pensando na vida, nos problemas. De repente eu olho de lado e vejo aquele par de olhos me mirando. Convidei-a para um drink. Topou. A conversa fora do ambiente de trabalho era ainda mais agradável. Inteligente, ela conversava sobre vários assuntos com a desenvoltura de uma mulher de 35 anos. Eu confesso que sentia um misto de bem-estar e uma excitação diferente, mais calma. Quando o clima se tornou ainda mais descontraído [depois do quinto sex on the bitch], não me contive e perguntei à própria Janice o que a fazia brilhar entre os colegas. Ela deu um risinho e me disse:

"Olha, tudo era diferente antes. Eu não me cuidava no aspecto auto-estima, e por isso os homens não se sentiam atraídos por mim. Nas raras vezes que eu ia para a cama com alguém, não sabia o que fazer. Então tive o privilégio de conhecer um homem, com seus 40 anos, que me ensinou muitas coisas, me tratava como uma deusa sensual, me permitiu aprender inúmeras coisas sobre o sexo. Durante nossa transa, ele atuava como se eu fosse a mulher mais gostosa do mundo, e como reflexo natural, apenas um olhar meu o deixava ensandecido de tesão. Ensinou-me macetes sobre nossos corpos, tanto o meu quanto o dele; sensações, beleza, pontos mais sensíveis, técnicas de sedução e então passei a admirar mais meu corpo e, surpreendentemente, outras pessoas passaram a fazer o mesmo. Eu sabia o que aquele homem conseguia me fazer sentir em termos de auto-estima, ao invés de me fazer sentir constrangida por meus defeitos. Assimilei, com seus ensinamentos, sobre a enorme beleza e força sensual que habita o corpo de um homem. Parecia que eles podiam sentir meus pensamentos sensuais e gostariam de fazer parte deles. Eu e ele perdemos o contato, mas o que aprendi com ele nunca mais se perdeu de minha memória.”

Fiquei surpreendido com a confissão. Ela logo me disse:

- Esse seu espanto é sério mesmo?

- Sim... não...

Ela sorriu sorrateiramente. Sabia como encabular um homem. Eu me sentia um garoto perto dela, apesar de eu ter estado com várias outras mulheres em situação análoga.

Isso parecia lógico, mas simples demais. Para ser gostosa, tudo que se tinha de fazer era sentir-se gostosa? Para se tornar uma grande amante, bastava acreditar que já o era? E a técnica? E o corpo de modelo? E quanto a conhecer os truques sexuais mais excitantes? E a vasta prática de homens sexualmente experientes? 0 apelo sexual estaria mesmo apenas na cabeça?

Ela disse-me que, certo dia, depois de tornar-se a Janice “sedutora”, quando caminhava pela rua, silenciosamente entregou-se a suas fantasias preferidas. Imaginou que aquele vizinho maravilhoso estava fazendo amor com ela de uma forma selvagem e abandonada. Disse que podia "sentir" seu hálito quente e suas carícias ardentes, enquanto ele sussurrava palavras apaixonadas em seu ouvido e dizia-lhe o quanto era bonita e gostosa, e o quanto o deixava excitado.

Apenas levemente consciente dos homens reais que passavam por ela na rua, finalmente percebeu que muitos deles sorriam para ela, piscavam ou no mínimo a olhavam com interesse. Parecia que ela exibia um sorriso secreto e provocante que aqueles homens achavam atraente.

E assim foi se tornando mais sofisticada em suas experimentações.

[continua]

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