terça-feira, 2 de outubro de 2012

Um telefonema pela manhã


Recebi um telefonema hoje muito cedo. Era Fernanda. Já falei dela alguns posts atrás. Conversamos amenidades. Nanda é dessas amigas que aparecem de vez em quando, deixam uma marca e vão embora. Nessa ocasião ela queria saber se eu estava morando no mesmo lugar. Disse que foi em minha casa e não me achou. Estou passando uns tempos fora. Com a permissão do Mestre Maior eu ainda volto para lá em breve. Eu sabia que tinha algo que ela queria me dizer afinal Fernanda não é o tipo de mulher que telefona para alguém só para saber se essa pessoa está bem, se está viva. Quando lhe disse que estou com alguém notei que ela deu uma baqueada, depois retomou o mesmo timbre de voz e continuou sua prosa.
Falamos sobre o passado, o presente, não falamos do futuro. Ela nunca fala do futuro com as pessoas porque diz que o que ainda não aconteceu só merece mesmo é planos e sonhos, mas prefere que eles sejam parte apenas dela própria, imersos em seus pensamentos mais recônditos.
Falamos sobre Stendhal, seu autor predileto. Ela sempre gostou mais de Stendhal do que Oscar Wilde, e sempre comparava os perfis dos dois exaltando seu autor e falando que Wilde [o qual já li quase tudo] era um maluco por ter escrito apenas um romance, e por esse romance contar uma história absurda [ela falava do livro “O retrato de Dorian Gray”]. Fernanda nunca entendeu o propósito de Wilde nesse livro, mas gostava dos diálogos de Lord Henry e Dorian Gray, vai entender as mulheres.
      Por fim nos despedimos sem marcarmos nada. Apenas a vida, nessas idas e voltas alucinantes podem nos colocar de novo no mesmo caminho para fazermos novas escolhas, disse ela antes de dizer tchau.

Nenhum comentário:

Postar um comentário