Não há
nenhuma vantagem em usar o nome de um deus grego. Não há nenhuma glória em
possuir tantos atributos e funções, em ser o deus mais influente e venerado da
antiguidade clássica, em ser tido como o sol ou a luz da verdade se eu não sou um deus. E nem pretendo ser, falta-me muito, muito mesmo para tal pretensão.
Malgrado eu
não ver nenhuma semelhança minha com o Apolo filho de Zeus e Leto, o que
percebo apenas é que nossas desgraças são as mesmas. Apesar dos muitos amores
que passaram em sua vida, foi infeliz e saiu perdedor em todos eles. Temos o
mesmo destino. Aliás, era Apolo quem era o responsável por desvendar os
desígnios do destino. E o meu destino, embora eu desacredite em tal figura
mitológica, nem o Oráculo de Delfos conseguiria predizer.
Minha
intenção ao criar esse codinome no blog nunca foi me comparar ao Apolo grego.
Ele foi um deus muito respeitado e temido por toda a Grécia. Minha pretensão foi apenas trazer à tona que nossas tragédias
amorosas são as mesmas. Por isso o título: Glória ou desgraça?
Eu nunca
seria um deus. Meus defeitos, embora já tenham sido muito maiores, ainda são
infindáveis. Um deus mitológico, apesar de ter defeitos como os humanos mortais, são
deuses e isso não se discute.
Mas sou um apaixonado
pelo amor. Mesmo sabendo que Apolo foi infeliz com as ninfas Corone, Dafne,
Cirene, a princesa Marpessa, a profetisa Cassandra, dentre outras, sei que ele
perseguiu o sentimento maior. O amor, como tenho dito, é
uma busca. Buscar demanda paciência e desenvolvimento da prática de procurar e
esperar. Não esperar de braços cruzados, inerte. Esperar depois de haver
revolvido as montanhas do infinito. Alguma coisa, alguém só reage depois de
algum tempo que foi estimulado a isso. O amor é assim. É buscar sem ter a
dúvida de que o objetivo está em algum lugar. Desacreditar que se pode
encontrar o amor, é deixar de acreditar que é possível voltar a ter a flama
explodindo na alma. Então... que a busca seja tão interessante quanto o
encontro. Que o encontro seja infinito como nós.
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