domingo, 4 de março de 2012

Alícia! Parte 1

Estava a olhar no relógio de dois em dois minutos. Na mesa fria do restaurante eu esperava por ela nervosamente. Era nosso primeiro encontro. Nunca a vira antes. Nossas conversas, sempre numa sala de bate papo virtual avançaram a tal ponto que não contivemos as precauções naturais de dois desconhecidos e marcamos um encontro. Ela, casada, estava insatisfeita no lar. O marido só via o trabalho diante de si e não a olhava como a fêmea crepitante que era. Alícia me confessara que não se sentia desejada; que seu corpo reclamava carinho e respeito; que sexo com um desconhecido era algo que nunca supusera em seus pensamentos mais sórdidos. Era a primeira vez que se aventurava no mundo do desconhecido, pois seus pés sempre foram muito fincados no chão sólido e inabalável.
Finalmente Alícia entrava no restaurante. Esplêndida. Vestia uma calça jeans colada ao corpo e tinha por cima do busto, uma blusinha negra, feita com um tecido bem fino. Estava calor e sua roupa combinava com o ambiente. Alícia é linda. Uma morena com seus 35 anos, um quadril lindamente desenhado, um colo notadamente pronunciado, seus cabelos caíam suaves por sobre as costas, enormes! Lindos! Encaracolados. Negros como a noite. Seus olhos... Ah seus olhos!! De uma beleza incomparável. Ela olhou-me, disse boa noite e sentou-se. Imediatamente levantei, tomei-lhe pelas mãos e beijei suavemente seu rosto. Ela tremia, mas esboçou um sorriso que me delatava uma surpresa por tal ato de carinho e respeito. Conversamos por mais de meia hora despreocupadamente porque o lugar era calmo e discreto. Nunca ela seria surpreendida ali. Depois de jantarmos, fomos a um cinema que havia no shopping da cidade. Entramos separados depois de comprar pipoca e lá dentro nos reencontramos e assistimos ao filme como dois namorados. Beijamo-nos pela primeira vez. Toquei-lhe os lábios segurando-lhe com a ponta dos dedos o seu queixo. Ela retribuiu o carinho e nosso primeiro beijo foi selado com uma promessa tácita de que haveria muitos mais. Desse primeiro beijo, sucederam-se vários outros. O filme já não era mais nossa razão principal de estarmos ali, aliás nunca o fora. Alguns espectadores, casais em sua maioria, inspiraram-se em nossos carinhos e fizeram dos nossos, os beijos deles. Os famosos créditos do fim do filme começaram a galgar a enorme tela, molemente, e então nos levantamos, compramos mais pipoca e fomos embora. Deixei-a em seu carro, duas esquinas perto de sua casa. Prometi-lhe que a amaria de todo meu coração. Ela como que querendo sair logo do carro, sorriu duvidosa do que eu havia lhe dito e sumiu na escuridão da rua. Assim foi nosso primeiro encontro. Muito carinho, muito respeito e uma magia diferente no ar.
Talvez as pessoas julguem que uma mulher casada, uma mãe de família não seja honesta tendo um encontro com outro homem. Mas eu a defendo e digo que sua honestidade não é medida pela sua fidelidade ao marido. Sua honestidade é fruto do respeito que ela nutre por si mesma. O respeito e carinho do marido perderam-se nos anos de vida conjugal e fizeram-se ausentes no peito feminino. Nossos próximos encontros serão narrados aqui com a maior fidelidade que minha pobre escrita me permitir fazer. Ainda lembro dela com o amor divinal que ela merece.

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