Estava a olhar no relógio de dois em dois
minutos. Na mesa fria do restaurante eu esperava por ela nervosamente. Era
nosso primeiro encontro. Nunca a vira antes. Nossas conversas, sempre numa sala
de bate papo virtual avançaram a tal ponto que não contivemos as precauções
naturais de dois desconhecidos e marcamos um encontro. Ela, casada, estava
insatisfeita no lar. O marido só via o trabalho diante de si e não a olhava
como a fêmea crepitante que era. Alícia me confessara que não se sentia
desejada; que seu corpo reclamava carinho e respeito; que sexo com um
desconhecido era algo que nunca supusera em seus pensamentos mais sórdidos. Era
a primeira vez que se aventurava no mundo do desconhecido, pois seus pés sempre
foram muito fincados no chão sólido e inabalável.
Finalmente Alícia entrava no restaurante.
Esplêndida. Vestia uma calça jeans colada ao corpo e tinha por cima do busto,
uma blusinha negra, feita com um tecido bem fino. Estava calor e sua roupa
combinava com o ambiente. Alícia é linda. Uma morena com seus 35 anos, um
quadril lindamente desenhado, um colo notadamente pronunciado, seus cabelos
caíam suaves por sobre as costas, enormes! Lindos! Encaracolados. Negros como a
noite. Seus olhos... Ah seus olhos!! De uma beleza incomparável. Ela olhou-me,
disse boa noite e sentou-se. Imediatamente levantei, tomei-lhe pelas mãos e
beijei suavemente seu rosto. Ela tremia, mas esboçou um sorriso que me delatava
uma surpresa por tal ato de carinho e respeito. Conversamos por mais de meia
hora despreocupadamente porque o lugar era calmo e discreto. Nunca ela seria
surpreendida ali. Depois de jantarmos, fomos a um cinema que havia no shopping da
cidade. Entramos separados depois de comprar pipoca e lá dentro nos
reencontramos e assistimos ao filme como dois namorados. Beijamo-nos pela primeira
vez. Toquei-lhe os lábios segurando-lhe com a ponta dos dedos o seu queixo.
Ela retribuiu o carinho e nosso primeiro beijo foi selado com uma promessa
tácita de que haveria muitos mais. Desse primeiro beijo, sucederam-se vários
outros. O filme já não era mais nossa razão principal de estarmos ali, aliás
nunca o fora. Alguns espectadores, casais em sua maioria, inspiraram-se em nossos
carinhos e fizeram dos nossos, os beijos deles. Os famosos créditos do fim do
filme começaram a galgar a enorme tela, molemente, e então nos levantamos, compramos
mais pipoca e fomos embora. Deixei-a em seu carro, duas esquinas perto de sua
casa. Prometi-lhe que a amaria de todo meu coração. Ela como que querendo sair
logo do carro, sorriu duvidosa do que eu havia lhe dito e sumiu na escuridão
da rua. Assim foi nosso primeiro encontro. Muito carinho, muito respeito e uma magia diferente no ar.
Talvez as pessoas julguem que uma mulher
casada, uma mãe de família não seja honesta tendo um encontro com outro homem.
Mas eu a defendo e digo que sua honestidade não é medida pela sua fidelidade ao
marido. Sua honestidade é fruto do respeito que ela nutre por si mesma. O
respeito e carinho do marido perderam-se nos anos de vida conjugal e fizeram-se
ausentes no peito feminino. Nossos próximos encontros serão narrados aqui com a
maior fidelidade que minha pobre escrita me permitir fazer. Ainda lembro
dela com o amor divinal que ela merece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário