sábado, 26 de outubro de 2013

Incidente com Dalila - II

Dalila não conseguia harmonizar-se com o sono, mesmo a madrugada já correndo alta. Suas meditações eram confusas. Pensava no dia que passaria ao lado de Fernando, no que tinha acontecido há poucas horas. Tentou inutilmente fixar o pensamento em coisas amenas para adormecer. Impossível! Decidiu fazer planos. Pensou sobre o futuro ao lado de Fernando [esse pensamento rotineiramente já habitava boa parte do tempo da moça]. Planejava casar-se com ele, já que praticamente moravam juntos, ter um filho do homem de sua vida, abrir uma pequena empresa. Uma coragem indefinível sempre foi o suporte principal de sustentação da personalidade de Dalila, e ela sabia disso, mesmo que momentos de decepções e desânimos momentâneos acontecessem em sua vida ainda que fossem extremamente menores que seus momentos de positividade. Seus pensamentos corriam bem até que se lembrou novamente do excitante acontecimento. Teve vontade de chorar por se sentir atraída a algo tão abjetamente reprovado pela sociedade. Rapidamente abriu o lap top e acessou um site qualquer para mudar o rumo de suas reflexões.

Os galos cantavam aqui e ali, anunciando o encanecer do dia. Ela pensava no acontecido, na culpa de ter excitado e molhado a calcinha involuntariamente. Um absurdo daquela dimensão não poderia passar de uma completa casualidade de dois toques e um beijo dado praticamente na boca entre duas amigas, à despedida. Levantou-se e tomou um demorado banho e deitou-se novamente. Fernando chegaria em breve.

Sentada à beira da cama, ela olhou para o seu homem que estava deitado sonolento. Com o olhar de quem queria algum carinho, ela o esquadrinhava demoradamente. O rapaz media o olhar da moça e estudava as variações que iam se sucedendo em seu semblante. Nenhuma palavra era dita. Silêncio total, mas os olhos gritavam entre si prorrompendo o mutismo das palavras.

Ela trajava apenas uma pequena calcinha vermelha. Seu corpo esguio, pele demoradamente morena, seios redondos e cheios, cabelos lisos sobre o meio das costas. Seus olhos imploravam prazer. Um prazer que foi despertado ainda durante a noite anterior, que foi maturado por toda uma noite e que explodiria ali, dentro em pouco, mas com o namorado e não com Débora. Dalila tinha um jeito muito intrínseco de posicionar os dedos na boca, trazendo os braços colados sobre seu tórax, numa inútil tentativa [talvez] de proteger seus seios do olhar de Fernando.

Ela ainda se sentia tomada pelo estranho arrepio havido com Débora, mas estaria na cama com seu namorado dali a momentos. Um estranho paradoxo para ela. Seu namorado a observava já tomado de vontade de tomá-la. O rapaz, que julgava saber os propósitos de sua namorada, jogava com ela um sedutor jogo de olhares, onde o resultado, dali a pouco, seria a cama se arrastando lentamente pelo chão, aos poucos, aos trancos.

Possuída por um violento impulso, ela lentamente abaixou o corpo em direção a Fernando e passou a tocar com a boca o pênis do rapaz que vestia um calção. Ela notou que o membro dele já estava duríssimo. Daquele toque seguiram-se outros. E o fogo que rotineiramente consumia a ambos, assim o fez mais uma vez.

Após se fartarem de prazer, tomarem banho juntos e saíram. Foram à padaria tomar café da manhã. Famintos, comeram broas de milho, pães de queijo. Fernando preferia café quente, Dalila tomou seu suco de laranja de sempre.

De certeza, Dalila tinha bem poucas: que sua vida estava sendo bem vivida, que não lhe faltava amor, que ela tinha sonhos a serem realizados. E que agora havia uma outra pessoa em quem ela pensava e que lhe confundia os pensamentos e os hormônios: Débora.

[continua]

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