Dalila não conseguia
harmonizar-se com o sono, mesmo a madrugada já correndo alta. Suas meditações eram
confusas. Pensava no dia que passaria ao lado de Fernando, no que tinha
acontecido há poucas horas. Tentou inutilmente fixar o pensamento em coisas
amenas para adormecer. Impossível! Decidiu fazer planos. Pensou sobre o futuro
ao lado de Fernando [esse pensamento rotineiramente já habitava boa parte do tempo da moça].
Planejava casar-se com ele, já que praticamente moravam juntos, ter um filho do
homem de sua vida, abrir uma pequena empresa. Uma coragem indefinível sempre
foi o suporte principal de sustentação da personalidade de Dalila, e ela sabia
disso, mesmo que momentos de decepções e desânimos momentâneos acontecessem em
sua vida ainda que fossem extremamente menores que seus momentos de
positividade. Seus pensamentos corriam bem até que se lembrou novamente do
excitante acontecimento. Teve vontade de chorar por se sentir atraída a algo
tão abjetamente reprovado pela sociedade. Rapidamente abriu o lap top e acessou
um site qualquer para mudar o rumo de suas reflexões.
Os galos cantavam aqui e ali,
anunciando o encanecer do dia. Ela pensava no acontecido, na culpa de ter
excitado e molhado a calcinha involuntariamente. Um absurdo daquela dimensão
não poderia passar de uma completa casualidade de dois toques e um beijo dado
praticamente na boca entre duas amigas, à despedida. Levantou-se e tomou um
demorado banho e deitou-se novamente. Fernando chegaria em breve.
Sentada à beira da cama, ela
olhou para o seu homem que estava deitado sonolento. Com o olhar de quem queria
algum carinho, ela o esquadrinhava demoradamente. O rapaz media o olhar da moça
e estudava as variações que iam se sucedendo em seu semblante. Nenhuma palavra
era dita. Silêncio total, mas os olhos gritavam entre si prorrompendo o mutismo
das palavras.
Ela trajava apenas uma pequena
calcinha vermelha. Seu corpo esguio, pele demoradamente morena, seios redondos
e cheios, cabelos lisos sobre o meio das costas. Seus olhos imploravam prazer.
Um prazer que foi despertado ainda durante a noite anterior, que foi maturado
por toda uma noite e que explodiria ali, dentro em pouco, mas com o namorado e
não com Débora. Dalila tinha um jeito muito intrínseco de posicionar os dedos
na boca, trazendo os braços colados sobre seu tórax, numa inútil tentativa
[talvez] de proteger seus seios do olhar de Fernando.
Ela ainda se sentia tomada pelo
estranho arrepio havido com Débora, mas estaria na cama com seu namorado dali a
momentos. Um estranho paradoxo para ela. Seu namorado a observava já tomado de
vontade de tomá-la. O rapaz, que julgava saber os propósitos de sua namorada,
jogava com ela um sedutor jogo de olhares, onde o resultado, dali a pouco,
seria a cama se arrastando lentamente pelo chão, aos poucos, aos trancos.
Possuída por um violento impulso,
ela lentamente abaixou o corpo em direção a Fernando e passou a tocar com a
boca o pênis do rapaz que vestia um calção. Ela notou que o membro dele já
estava duríssimo. Daquele toque seguiram-se outros. E o fogo que rotineiramente
consumia a ambos, assim o fez mais uma vez.
Após se fartarem de prazer,
tomarem banho juntos e saíram. Foram à padaria tomar café da manhã. Famintos,
comeram broas de milho, pães de queijo. Fernando preferia café quente, Dalila
tomou seu suco de laranja de sempre.
De certeza, Dalila tinha bem
poucas: que sua vida estava sendo bem vivida, que não lhe faltava amor, que ela
tinha sonhos a serem realizados. E que agora havia uma outra pessoa em quem ela
pensava e que lhe confundia os pensamentos e os hormônios: Débora.
[continua]
[continua]
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