domingo, 23 de junho de 2013

Amargas ilações

Escolher ou ser escolhido? Como vai acontecer? Desígnios de Deus? Nem sei se acredito em Deus, não tenho tempo pra isso. Queria ser constante, sereno, seguro de mim de verdade, e não apenas representar a segurança e a falta de medo a todo e a cada momento, como num teatro barato com cortinas rasgadas e desbotadas. É necessário saber envelhecer, viver a vida numa velocidade mais amena, numa temperatura menos tórrida, afinal os anos ensinam que a sabedoria tem muito a ver com tranquilidade. Colher a maçã ainda verde e comê-la ao tempo certo, sem permitir que a vida do fruto se perca imersa na podridão irremediável sem ser aproveitada.

Minha vida de dez anos atrás se afastou muito de sua origem, de seus propósitos – me perdi em mim mesmo e não sei em qual fresta posso encontrar a luz. Tenho, com os anos, adquirido meus hábitos, padrões de comportamento que todo ser humano é suscetível a adotar, já que é ligado a padrões; sempre age mais ou menos da mesma maneira, uma tendência humana.

Não vou acreditar que nascemos apenas para morrer um dia, o amor está presente desde o nascimento até além da sepultura, tenho certeza absoluta disso. O amor condiciona a ser dirigido a si mesmo, a outra pessoa, ao mundo; invariavelmente. Sei que esse sentimento, que por vezes traz sofrimento e uma dor imensurável, é a única forma de se ser feliz e de se melhorar espiritualmente.

O tempo sempre escoa linearmente, o que era futuro ainda há pouco, já é passado e daqui a pouco pode ser nostalgia. Certas lembranças de momentos felizes, dentre as quais eternizei em palavras aqui no blog, me causam sofrimento imenso nesse minuto, porque sei que jamais se repetirão momentos semelhantes. Viver é mesmo uma grande tragédia.

Meu silêncio prudente e compassivo de agora pode ser uma resposta para mim mesmo que o passado que me aguarda no futuro pode me trazer pessoas novas, momentos novos, novas oportunidades de ser eu mesmo novamente.

Vá, Apollo, depressa, o tempo se escasseia, não o percamos. Embora eu tenha um preço, nunca ninguém poderá me comprar, porque meu valor é intrínseco e intangível. O tempo, insano, impiedoso que tenta me prender entre seus dedos, se escoará e morrerá antes de meu fim. Não sou parte dele, ele que é parte de mim.


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