Escolher ou ser escolhido? Como
vai acontecer? Desígnios de Deus? Nem sei se acredito em Deus, não tenho tempo
pra isso. Queria ser constante, sereno, seguro de mim de verdade, e não apenas
representar a segurança e a falta de medo a todo e a cada momento, como num
teatro barato com cortinas rasgadas e desbotadas. É necessário saber
envelhecer, viver a vida numa velocidade mais amena, numa temperatura menos
tórrida, afinal os anos ensinam que a sabedoria tem muito a ver com
tranquilidade. Colher a maçã ainda verde e comê-la ao tempo certo, sem permitir
que a vida do fruto se perca imersa na podridão irremediável sem ser
aproveitada.
Minha vida de dez anos atrás se
afastou muito de sua origem, de seus propósitos – me perdi em mim mesmo e não
sei em qual fresta posso encontrar a luz. Tenho, com os anos, adquirido meus
hábitos, padrões de comportamento que todo ser humano é suscetível a adotar, já
que é ligado a padrões; sempre age mais ou menos da mesma maneira, uma
tendência humana.
Não vou acreditar que nascemos
apenas para morrer um dia, o amor está presente desde o nascimento até além da
sepultura, tenho certeza absoluta disso. O amor condiciona a ser dirigido a si
mesmo, a outra pessoa, ao mundo; invariavelmente. Sei que esse sentimento, que
por vezes traz sofrimento e uma dor imensurável, é a única forma de se ser
feliz e de se melhorar espiritualmente.
O tempo sempre escoa linearmente,
o que era futuro ainda há pouco, já é passado e daqui a pouco pode ser
nostalgia. Certas lembranças de momentos felizes, dentre as quais eternizei em
palavras aqui no blog, me causam sofrimento imenso nesse minuto, porque sei que
jamais se repetirão momentos semelhantes. Viver é mesmo uma grande tragédia.
Meu silêncio prudente e
compassivo de agora pode ser uma resposta para mim mesmo que o passado que me
aguarda no futuro pode me trazer pessoas novas, momentos novos, novas oportunidades
de ser eu mesmo novamente.
Vá, Apollo, depressa, o tempo se
escasseia, não o percamos. Embora eu tenha um preço, nunca ninguém poderá me
comprar, porque meu valor é intrínseco e intangível. O tempo, insano, impiedoso
que tenta me prender entre seus dedos, se escoará e morrerá antes de meu fim.
Não sou parte dele, ele que é parte de mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário