quinta-feira, 27 de junho de 2013

O pecado e a magia (1ª parte)

Passeávamos pelas ladeiras escuras da pequena cidade. Madrugada gelada. Andávamos lado a lado, enquanto subíamos a ladeira que dava na igrejinha abandonada. O vento descia de perto do cruzeiro de madeira e arrastava as folhas secas do outono que se findava. Detemo-nos ao lado de uma enorme pedra cravada no chão. Encostamo-nos à pedra e coloquei nossas taças já vazias e a garrafa de vinho numa reentrância da rocha. A noite era limpa e podíamos ver milhares de estrelas, imersos na penumbra consequente da parca iluminação da pequena vila.

O calçamento da rua era todo de pedra, aliás, o vilarejo havia sido construído no sopé de uma montanha quase totalmente formada por rocha magmática, por isso as casas eram construídas essencialmente de pedras cortadas, talhadas e cuidadosamente encaixadas.

O vento fazia esvoaçar seus cabelos dourados e fazia-os beijar sua face gelada pelos constantes e recorrentes golpes das lufadas frias. Abracei-a para nos aquecer e ficamos nos olhando prestes a nos beijar. Percebi que o álcool se fazia presente em seu semblante, mas ela não chegava a estar embriagada. Nossas bocas se aproximaram definitivamente, se tocaram com leveza enquanto se provavam, se mordiscavam, se degustavam influenciadas pelo gosto do vinho recentemente digerido. Numa sucessão serena, mas impetuosa, devorei-lhe a língua no que fui correspondido na mesma intensidade. Então os movimentos de nossas bocas se sucederam por tempo indefinível à minha percepção. Começamos a procurar nossos corpos com as mãos, envolvi seus seios mesmo por cima da grossa jaqueta que vestia. Ela tocava meu tórax numa busca incessante por prazer. Sua respiração já estava demasiadamente alterada.

Vencidos pelo desejo incoercível voltamos rapidamente à pequena pensão em que éramos vizinhos de quarto, mas naquela noite, dividimos a mesma cama em meu pequeno aposento.


[continua]


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