Ontem eu estava sozinho em casa.
Fui preparar um jantar só para mim. Um prato só na mesa, pouca comida, nada além da magia em si de cozinhar. Resolvi preparar uma massinha bem leve e para acompanhar, um tinto bem encorpado. Enquanto cozinhava, pensava na vida, na loucura de
se acordar a cada manhã sem saber se verei o sol se por; pensava na incerteza
do próximo minuto, em como é encantador ser um simples mortal e ir abrindo as
portas do futuro uma a uma e ir acendendo as luzes dos quartos escuros e
inexpugnáveis um a um.
Percebo que os dias transcorrem com uma louca rotina que insiste em nos tornar meras pessoas
automáticas que vivem uma semana toda sem se dar conta da passagem do tempo.
Acho que o desafio inicial que me cabe é lutar contra essa tendência e
descobrir, dia após dia, que aprendi com a dificuldade do dia anterior. É bem
verdade o antiquíssimo ditado que afirma que é nas derrotas que nos tornamos
mais fortes.
Não é sempre que fico filosofando
questões metafísicas enquanto cozinho. Só quando estou sozinho frente a um
fogão. Acho que preparar um prato sugere companhia na cozinha para que seja possível
trocar impressões, fortalecer e criar novos laços. Oferecer um jantar a uma pessoa pode significar muitas coisas.
Sempre quando acontece de eu
estar sozinho, abro um tinto, de preferência um cabernet sauvignon bem jovem. É
ótimo para suscitar pensamentos mais nobres (hehe).
Por fim, ficou pronto meu jantar.
Timidamente fui servindo o único prato na mesa. Sentei-me e fiquei acompanhado
de mim mesmo, de meu tinto, de meus pensamentos. Afinal eu não estive tão
sozinho assim.
Beijo quente!
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