quinta-feira, 13 de junho de 2013

12 de Junho (parte I)


Talvez eu possa algum dia entender de fato, e com toda a propriedade, qual a dimensão exata do amor. Não sei entendê-lo por enquanto, sei apenas vivê-lo. Concordo que tenho descoberto outros tons suaves e sutis em seu bojo, mas por essa razão afirmar que o entendo, eu estaria sendo hipócrita. Talvez eu nunca o entenda em sua plenitude. Não sei se é prudente fazê-lo, porque à medida que vamos entendendo sua essência, ele se transforma tal qual a larva em borboleta, e tenho novamente que perceber suas novas nuances, entender o que ele quer de mim dessa vez.

Eu estava um pouco atrasado, por isso seguia apressado pela rua escura, mal iluminada. O céu estava nublado, a noite acabara de chegar. Havia deixado o carro num estacionamento particular, livre do orvalho da madrugada. Trazia comigo algumas sacolas do supermercado contendo os ingredientes do jantar, o vinho, mas não trazia as taças para bebê-lo, atendendo a um pedido dela.

Abri o portão, girei a chave na fechadura da porta. Ela veio andando depressa até mim, dando pequenos pulinhos, sorrindo, linda, absoluta, batendo rapidamente suas mãos uma à outra, como que comemorando uma chegada intensamente aguardada. Beijei-lhe a testa, os lábios, e nos abraçamos carinhosamente. Ao fim do abraço, ela fez uma piada e rimos animadamente. Por fim, fui à cozinha e deixei as sacolas sobre a mesa. O perfume que exalava de seu corpo contrastava com o cheiro de sua pele, e o resultado disso era uma fragrância muito peculiar dela. Ela sabia que isso mexia demais comigo e notava que eu estava sentindo seu perfume. Sorriu maliciosamente e veio se aninhar de novo em meus braços. Abracei-a com carinho e ficamos assim, no meio da cozinha, abraçados, em silêncio. Até que ela olhou de repente para mim e disse-me que estava com fome. Como havíamos combinado que eu prepararia o jantar, aquilo foi um sinal de que eu deveria “trabalhar”.

Sempre tive a ideia de que cozinhar é fazer magia. Os ingredientes são minhas ferramentas, e meu carinho, é o fator gerador do invisível. Junte-se a isso certa prática em cozinhar, e temos uma combinação que encanta toda mulher – um homem atencioso e que sabe preparar um jantar para alimentá-la.

E nessa noite, o jantar seria apenas o meio para um fim – comemorar, à dois, a sós, o dia dos namorados. Percebia-se uma atmosfera diferente no ar. Talvez os deuses do amor estivessem à solta, expectantes por permitirem que os casais se laçassem ardentemente e se provassem com carinho, com amor.


[continua...]

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