Você aqui sentada ao meu lado. O
silêncio maldito que domina o ambiente. Mal posso ouvir o vento soprar manso e
sereno como há minutos. A conversa amarga está por acontecer e não conseguimos
iniciá-la. Nem mesmo sei se acabei de chegar ou se estou aqui há dias. Vejo seus olhos inchados de chorar. Passou a noite sentada no sofá da sala procurando
as palavras certas, ou menos erradas, para comunicar-me sua decisão. Eu cheguei
quando o sol coloria o céu com seus primeiros alvores. Cheguei em casa e não lhe encontrei, só o que sobrou daquela que conheci. Você com o rosto de
sempre, com os mesmíssimos traços que conheci há anos, mas se sentindo
abandonada, sabe que vou deixar-lhe.
Preciso
conhecer outras coisas, pensei comigo, mas sem coragem de dizer-lhe. Sempre estiveste ao meu alcance, mas eu nunca a quis com a intensidade que esperava de mim. Sei que você sempre me amou. Eu nunca tive coragem de
dizer-lhe o que você decidiu dizer-me agora.
Tudo já
passou. Nossos momentos, nossas noites. Eu sempre chorava e você sempre me
consolava. Tenho certeza que ainda vais voltar sorrindo para esta casa, e
quando eu lhe abrir as portas, entrarás, absoluta e radiante, com uma garrafa de vinho nas mãos.
Quisera eu
que você fosse uma mulher e não apenas um sentimento. Você, Solidão, sempre me
foi companheira, mas por esses dias, decidi viver. Diga logo seu adeus e vá
embora.
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