sábado, 14 de abril de 2012

Adeus


            Você aqui sentada ao meu lado. O silêncio maldito que domina o ambiente. Mal posso ouvir o vento soprar manso e sereno como há minutos. A conversa amarga está por acontecer e não conseguimos iniciá-la. Nem mesmo sei se acabei de chegar ou se estou aqui há dias. Vejo seus olhos inchados de chorar. Passou a noite sentada no sofá da sala procurando as palavras certas, ou menos erradas, para comunicar-me sua decisão. Eu cheguei quando o sol coloria o céu com seus primeiros alvores. Cheguei em casa e não lhe encontrei, só o que sobrou daquela que conheci. Você com o rosto de sempre, com os mesmíssimos traços que conheci há anos, mas se sentindo abandonada, sabe que vou deixar-lhe.
            Preciso conhecer outras coisas, pensei comigo, mas sem coragem de dizer-lhe. Sempre estiveste ao meu alcance, mas eu nunca a quis com a intensidade que esperava de mim. Sei que você sempre me amou. Eu nunca tive coragem de dizer-lhe o que você decidiu dizer-me agora.
              Tudo já passou. Nossos momentos, nossas noites. Eu sempre chorava e você sempre me consolava. Tenho certeza que ainda vais voltar sorrindo para esta casa, e quando eu lhe abrir as portas, entrarás, absoluta e radiante, com uma garrafa de vinho nas mãos.
            Quisera eu que você fosse uma mulher e não apenas um sentimento. Você, Solidão, sempre me foi companheira, mas por esses dias, decidi viver. Diga logo seu adeus e vá embora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário