quarta-feira, 11 de abril de 2012

O desejo de Apollo


            Uma tarde, um coração ferido, uma sala com um vento fresco que entrava pela janela, uma predisposição para falar com alguém pela sala de sempre. Amanda liga a tela, acessa a sala. Torrentes de homens interpelam-lhe com os dizeres mais ridículos. Ela ri de alguns, xinga baixinho outros mais rudes. Ela nem sabe o que procura. Talvez nem procurasse nada. Talvez estivesse ali só para que o sol caísse logo atrás das colinas e ela pudesse dormir logo. Acabara de terminar um namoro e seu coração sangrava.
Eis que alguém lhe diz: “gostaria de conversar?”. Ela sente algo aparentemente sem importância dentro de si, mas inexplicavelmente ela corresponde a ele e iniciam uma conversa muito respeitosa e inteligente. Amanda sentiu-se atraída desde o princípio. Ele sabia tratá-la com carinho e sentia o mesmo que ela: solidão. Ela Desconfiava que o namorado tinha outros relacionamentos e isso lhe permitiu ficar insegura em relação aos homens. Apollo diz-lhe, durante a conversa na sala de bate-papo que os generalismos são prejudiciais a toda relação. Ela ri discordando dele.
Rapidamente a conversa evolui a um nível de cordialidade quase que completa, de um interesse desvelado por ambas as partes. Amanda interessou-se em conhecer Apollo pessoalmente, mas tinha medo de que ele fosse alguém que lhe faria mal, afinal ela viu na TV que homens da internet podem ser violentos no encontro; que eles podem assassinar as mulheres com quem saem.
Eles falam de música, de sentimentos, do mundo louco em que vivem atualmente. A conversa transpassa o tempo e quando se dão conta a noite já havia caído há algum tempo. Trocam telefone, e dizem que se falarão no outro dia. Logo depois de desligarem os computadores Apollo liga para ela, que o atende mostrando certa surpresa com a ligação inesperada e iniciam nova conversa, dessa vez, ao celular. Amanda nota uma certa amargura na voz de Apollo. Ele logo lhe diz que o amor sempre tocou-lhe profundamente o espírito e isso o ensinou a perceber a sensibilidade de uma mulher conversando por pouco tempo com ela. Ele também notou certa tristeza em sua voz e ela lhe disse que o amor é o responsável pelos sorrisos, mas também pelas lágrimas. Uma vontade doida, sem explicação apossou-se dos dois, e em dado momento marcaram um encontro para o outro dia. Pouco depois Amanda arrependeu-se do que fizera, mas não havia jeito de voltar atrás. Na manhã seguinte, depois de sonhar com Apollo durante a noite movida pela ansiedade aguda que lhe tomara o pensamento, Amanda acordou, comprou o pão, tomou uma xícara de café, e ficou pensando no que aconteceria naquela noite. O dia não passava e seus pensamentos fervilhavam. Arrumou o cabelo no salão, demoradamente, fez as unhas, preparou-se enfim para estar com aquele homem que lhe descobrira muito de si, que de certa forma lhe decifrou partes de sua personalidade sem mesmo nunca ter-lhe visto, o que a fez estar confusa e imersa em sentimentos antagônicos.
O dia dava seus últimos suspiros e o sol do começo de abril denotava exaustão por iluminar aquele dia. As primeiras estrelas iluminavam debilmente o firmamento, e Amanda olhava pela janela do seu quarto, ouvindo uma música antiga que falava de amor não correspondido.

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